O dólar americano é a moeda de reserva global. Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), ele representa 60% das reservas cambiais dos bancos centrais em todo o mundo. Hoje, independente do lugar que você for viajar o dólar americano será aceito. Em certos países por conta da instabilidade econômica e inflação alta, seu uso tem preferência sobre a moeda local.
Assim como o Florim Holandês e a Libra Britânica foram as moedas de reserva do mundo nos séculos passados, a moeda americana desempenha esse papel desde o fim da segunda guerra mundial há mais de 70 anos.
O fato de os EUA terem a hegemonia da moeda de uso global lhes dá um privilégio absurdo perante os demais países. Afinal, historicamente ele conseguiu imprimir dólares sem causar grandes pressões inflacionárias por conta da alta demanda, garantindo estabilidade econômica e décadas de bonança para a sua população.
Devido a sua demanda em todo o mundo, o dólar é como um “lubrificante” do motor da economia global. Antes da pandemia, a moeda representava US$ 6 trilhões de movimentações diárias, desde gastos em cartão de crédito até grandes investimentos internacionais.
Além disso, as negociações de commodities (Petróleo, alimentos, minério e outros) é precificada em dólares. Logo, uma alta da moeda americana aumenta o valor de produtos primários que consumimos diariamente como Petróleo, e grãos.
No mercado de câmbio, o dólar é a única moeda que em tempos de paz e bonança é bastante demandada e em tempos de estresse no mercado é ainda mais, já que nesses momentos, os investidores fogem de riscos e buscam algo seguro e estável.
O ano de 2022 vem sendo trágico para os ativos de risco em todo o mundo. A combinação de injeção de liquidez, por parte de governos e bancos centrais para combater a pandemia, aliada a quebra das cadeias de produção por conta das medidas de lockdown, criaram o cenário perfeito para a volta da inflação, forçando os bancos centrais de todo o mundo a subirem a sua taxa de juros e consequentemente aumentar o custo de capital das empresas.
Para domar a inflação que chegou a impressionantes 9,1% no acumulado em 12 meses a aposta é que o Federal Reserve (banco central americano) suba os juros acima do nível neutro (É o patamar que não estimula nem contrai a economia) e o leve a um nível mais restritivo. Esse movimento já está em andamento e sugere que o dólar mantenha a sua tendência de alta. Afinal, juros americanos mais altos atraem investimentos, provoca fuga de capitais em todo o mundo e valoriza a moeda americana.
Vimos isso nos últimos dias quando o Iene Japonês viu seu valor cair para a mínima em 24 anos em relação ao dólar, enquanto o Euro caiu para a paridade com o dólar pela primeira vez em 20 anos. Segundo dados do tesouro americano, desde os anos 60 a moeda americana só foi mais forte que agora em apenas 3 ocasiões.
Se países desenvolvidos estão vendo suas respectivas moedas desvalorizarem perante o dólar, com os emergentes a situação é ainda mais delicada, principalmente na América Latina.
A valorização das commodities ajudou países exportadores como o Brasil e evitou a desvalorização de suas moedas. O real brasileiro foi uma das poucas moedas que ganhou valor perante o dólar no ano, com a incerteza eleitoral e piora da situação fiscal por conta da “PEC das Bondades” a nossa situação macro tende a continuar debilitada. Se a alta dos juros e do dólar ocasionar uma recessão global que ocasione uma queda na cotação das commodities será trágico para a economia brasileira.
Hoje, o cenário indica que enquanto a inflação nos EUA continuar disseminada, o FED precisará adotar uma postura mais agressiva via juros para combater a alta dos preços. Esse movimento aliado à vulnerabilidade econômica da zona do Euro, fragilidade da economia japonesa em subir os juros e as incertezas quanto a confiança da moeda chinesa mantém o dólar atrativo. Esses fatores contribuem para a sua valorização, pelo menos por ora.
Quanto mais a moeda americana se valorizar pior será para o crescimento econômico global. Embora muitos não se deem conta disso a moeda americana influencia diretamente a sua qualidade de vida e quanto mais valorizada ela estiver, pior.