Em mais um dia de pânico no mercado financeiro o dólar avista fechou cotado a R$ 4,8755. No decorrer do dia em momentos de mais estresse a moeda chegou a atingir R$ 4,9493. Foi um dia de uma corrida para desmonte de posições vendidas (que ganham com a alta do dólar) no mercado futuro, especialmente por parte de fundos locais, o que tem exacerbado o movimento de alta da divisa no mercado doméstico. Além de operações de zeragem para realização de lucros e limitação de perdas (stop loss), players já estariam se movimentando para a rolagem de posições futuras e formação da última Ptax de abril, na sexta-feira, 29.
Os motivos foram mais do mesmo, nada de novo no cenário para impactar tanto assim. O Fed e a tendência de subir a taxa de juros em 0,75% nos EUA. Sei não, eles não são tão “ágeis” assim em agir mais firmemente.
Fora isso, as preocupações com o impacto de novo surto de covid-19 sobre a economia chinesa. Depois de lockdown em Xangai, o governo decretou medidas restritivas em Pequim.
Há temores de que uma perda de fôlego simultânea das duas principais economias do mundo abale a atividade global. E parece que todos esqueceram a Guerra da Rússia e Ucrânia. Tem portal de economia que nem citou que o conflito continua sim e sem tréguas aparentes.
Outro ponto que fortalece o dólar é que em ano de eleição a política costuma impactar no câmbio, qualquer atitude ou fala do presidente e pronto, já vamos ver oscilação cambial. Mercado já poderia estar mais acostumado ao “estilo” dele.
O ambiente global de aversão ao risco fez investidores abandonarem bolsas e divisas emergentes para se abrigarem na moeda americana e nos Treasuries, cujas taxas caíram em bloco. O rendimento da T-note de 10 anos, principal ativo do mundo, caiu, no momento mais agudo, para a casa de 2,75%.
A tendência do câmbio não é simples de ser analisada. Muitas vezes vejo analistas assinarem que o dólar vai cair, chegar a R$ 4,00, falar que pelo carry trade agora o real valoriza a longo prazo, Selic alta aqui traz fluxo (isso traz mesmo, mas o fluxo de meses quando a coisa desanda, esvazia em dias), super valorização de commodities. E daí de repente a tendência se torna de alta porque os EUA vai agir mais forte no juro lá e então a tendência vira e o mundo corre para o dólar.
Na minha opinião (eu vivo o câmbio, das 9:00 as 18:00, fico full time em mesa de câmbio) são muitas variáveis e as “tendências” mudam muito de um dia para o outro. Então cuidado ao dizer agora cai ou agora sobe, porque, na verdade uma fala, uma mudança de juros mais agressiva, um vírus, uma guerra inesperada, e tudo muda.
Vou manter minha postura de não acreditar em tendência nenhuma de longo prazo, e prefiro olhar a situação a cada dia, e um dia de cada vez.
Para completar, na sexta-feira tem a Ptax e, na semana, vários indicadores de inflação.
Semana de volatilidade, isso eu garanto! Alguns ajustes, talvez leilões do Banco Central (achei que ontem poderiam ter entrado), e muita cautela, isso sim é o melhor remédio. Nada de desespero e atitudes impulsivas! Respire e conte até 10.
Boa sorte, mercado!