Mais uma vez digo a vocês que o câmbio é um caso a parte. Mercado muitas vezes precifica decisões e quando o fato ocorre o ativo já está com o valor incorporado. Em outras, o mercado tem uma reação real para o fato e o câmbio se comporta como de fato deve ser. E para piorar a análise, muitas vezes o fluxo quem dita o tom e vai na contra mão de qualquer teoria.
E ontem a tão esperada decisão de política monetária do Federal Reserve veio em linha com o que o mercado estava anunciando.
As reações foram surgindo na medida que o discurso do chairman Jerome Powell foi sendo digerido. O cenário "altamente incerto", que exige adaptação e respostas em conformidade, o risco de que a inflação possa ser mais persistente do que o esperado, trouxeram mais reação para a bolsa do que para o câmbio. O dólar à vista registrou variação positiva de 0,06%, a 5,4387 reais, no fechamento, depois de oscilar entre R$ 5,459 pela manhã (alta de 0,43%) e R$ 5,3927 (queda de 0,79%).
O comitê de política monetária do Fed indicou que pretende começar a reduzir o balanço de ativos após o início do ciclo de alta do juro básico. Em comunicado, informou que a redução ocorrerá ao longo do tempo, "de forma previsível", principalmente ajustando os valores reinvestidos de pagamentos recebidos de ativos mantidos na Conta de Mercado Aberto do Sistema.
O comunicado divulgado após a reunião reforçou a visão de que a primeira elevação dos juros deve ocorrer na próxima reunião (de março), em provável alta de 0,25pp, além do fim do programa de compra de ativos no início de março.
A mínima do dia foi atingida logo depois das 16h (de Brasília), quando o Fed divulgou seu comunicado de política monetária. O texto não trouxe grandes surpresas em relação ao já conhecido, o que fez investidores lerem o documento como "dovish", termo em inglês que significa mais flexível com a inflação, o que, em tese, indicaria menor disposição para altas dos juros.
Mas, tudo mudou a partir de 16h30, quando o chair do Fed, Jerome Powell, começou a responder perguntas em coletiva de imprensa. Powell disse haver bastante espaço para altas de juros, destacou a força do mercado de trabalho e por várias vezes citou riscos de a inflação permanecer mais elevada por mais tempo, o que por sua vez exigiria reação mais forte da política monetária.
No Brasil, o mercado segue atento também ao comportamento da inflação, especialmente pela ponderação entre renda fixa e variável suscitada pelo processo, ainda em curso, de elevação da Selic - nesta quarta foi a vez de conhecer, pela manhã, o IPCA-15 referente a janeiro, a 0,58%, ante 0,78% em dezembro.
Para hoje pedidos iniciais por seguro desemprego e índice de preços do PIB trimestral nos EUA.
E antes que alguém comente que a pergunta do título não está respondida no artigo, digo aqui que realmente não está. Quem souber a resposta que comente aqui. Bons negócios pessoal!