Dólar (DXY): incerteza econômica ainda mantém vendedores no controle

Publicado 17.03.2025, 10:41
  • O dólar dos EUA segue enfraquecido devido aos sinais de desaceleração econômica, à incerteza política e às políticas comerciais de Trump.
  • Os mercados estão atentos à decisão do Fed sobre os juros, enquanto o plano de estímulo da Alemanha fortalece o euro.
  • Se o índice do dólar permanecer abaixo de 104, a tendência de baixa pode continuar, com 103 como suporte-chave.
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O Índice do Dólar (DXY) continua enfraquecido, negociando em 103,7 – próximo ao menor nível em cinco meses –, refletindo sinais de desaceleração da economia dos EUA e instabilidade política. Um dos principais fatores para essa queda é a política comercial do presidente Donald Trump, marcada pelo aumento de tarifas, que tem gerado volatilidade nos mercados. Na sexta-feira, o Índice de Confiança do Consumidor de Michigan caiu para o menor patamar em dois anos, indicando um sentimento mais negativo entre os consumidores, possivelmente devido à intensificação das disputas comerciais promovidas pelo governo. Ao mesmo tempo, as expectativas de inflação voltaram a subir, sugerindo que os desafios econômicos podem se agravar.

Política comercial de Trump pesa sobre o dólar

As tarifas impostas por Trump continuam pressionando o dólar. A volatilidade dos mercados aumentou após o anúncio de uma tarifa de 200% sobre vinhos, conhaques e outras bebidas alcoólicas da Europa, intensificando o receio de uma escalada nas tensões comerciais. Esse ambiente de incerteza normalmente impulsionaria a busca por ativos de refúgio, mas, devido à fragilidade econômica dos EUA, o dólar tem perdido espaço como opção preferencial de proteção.

Após a vitória de Trump, o mercado chegou a projetar uma política favorável ao fortalecimento da moeda norte-americana, especialmente diante dos desafios econômicos da Zona do Euro. No entanto, com a intensificação das barreiras tarifárias e as retaliações comerciais de outros países, o fluxo de saída do dólar se acelerou. No cenário atual, a valorização sustentada da moeda parece improvável. Alguns analistas, inclusive, avaliam que eventuais recuperações podem representar oportunidades de venda.

Decisão do Fed pode influenciar trajetória do dólar

Os mercados aguardam a decisão de política monetária do Federal Reserve na quarta-feira. A expectativa predominante é de manutenção da taxa de juros na faixa de 4,25%-4,50%, mas os investidores estarão atentos ao comunicado pós-reunião para avaliar possíveis mudanças na estratégia futura do Fed. O presidente Jerome Powell tem adotado uma postura cautelosa, sugerindo que o banco central pode seguir uma abordagem de "esperar para ver".

As projeções do Fed para crescimento econômico, inflação e desemprego serão determinantes para o mercado. A atenção está voltada para os planos da instituição em relação à meta de inflação de 2%. O cenário mais provável é a manutenção dos juros em níveis elevados, mas com um viés de cautela devido às incertezas no ambiente econômico.

Pacote fiscal da Alemanha fortalece o euro e pressiona o dólar

Fatores externos também contribuem para a desvalorização do dólar. O novo pacote fiscal da Alemanha, destinado a estimular a economia e reforçar o orçamento de defesa, tem fortalecido o euro, ampliando a pressão sobre a moeda norte-americana. Além disso, os sinais de desaceleração da economia dos EUA reforçam a tendência de enfraquecimento do dólar, tornando os ganhos da moeda europeia ainda mais expressivos.

Os investidores acompanham de perto os dados de vendas no varejo nos EUA, que podem fornecer novas indicações sobre o crescimento econômico. Caso o consumo apresente sinais de enfraquecimento, as preocupações com uma desaceleração econômica poderão aumentar, influenciando as decisões do Fed e a trajetória do dólar nas próximas semanas.

Análise técnica do índice DXY

Análise técnica do DXY - gráfico diário
O Índice do Dólar segue pressionado, mantendo uma tendência de baixa enquanto estiver abaixo de 104 pontos. O nível de 103,2, que atraiu compradores na última semana, representa um suporte intermediário. Caso o índice perca o patamar de 103, pode recuar ainda mais em direção a 102,36, região alinhada com a retração de Fibonacci de 78,6%. As médias móveis exponenciais de curto prazo seguem apontando para uma tendência negativa, e enquanto o preço permanecer abaixo desses indicadores, o viés baixista deve se manter. Além disso, o RSI estocástico no gráfico diário indica que o índice permanece em território de sobrevenda.

No lado positivo, 104 é a primeira resistência relevante. Um fechamento diário acima desse nível poderia abrir espaço para uma recuperação em direção a 105,2, especialmente se o Fed adotar um tom mais rígido em relação aos juros ou se o mercado começar a reavaliar a probabilidade de cortes. No entanto, a expectativa predominante é de que o banco central siga com uma abordagem cautelosa. Se o Fed mantiver sua estratégia de esperar para ver, o dólar poderá continuar sob pressão.

No geral, a moeda norte-americana segue em queda diante da fraqueza econômica e da instabilidade gerada pelas políticas comerciais de Trump. Nesta semana, o foco estará na decisão do Fed, enquanto o estímulo fiscal na Zona do Euro também pode influenciar a trajetória do dólar. Sem mudanças na condução da política econômica dos EUA, uma recuperação sustentada da moeda parece pouco provável.

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