- A recuperação do dólar enfrenta obstáculos, com o otimismo nas negociações comerciais sendo contrabalançado por sinais contraditórios e um enfraquecimento do momento técnico.
- Dados-chave de emprego e inflação nos EUA, previstos para esta semana, podem redefinir de maneira abrupta as expectativas para a política de juros do Federal Reserve.
- Para confirmar uma reversão mais consistente, será necessário um movimento sustentado do índice DXY acima do patamar de 100 pontos.
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O dólar abriu a semana com pequena valorização, embora o sentimento dos investidores permaneça incerto. O andamento das negociações comerciais entre EUA e China, a postura do presidente Donald Trump e a divulgação de uma série de dados econômicos relevantes serão determinantes para o comportamento da moeda nos próximos dias.
Progresso nas negociações comerciais melhora o sentimento
O anúncio de Trump sobre avanços nas conversas comerciais com Japão e China foi o principal evento que influenciou os mercados no fim de semana. O presidente também mencionou a possibilidade de reduzir tarifas sobre a China e confirmou que não pretende destituir o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, fatores que favoreceram o apetite por risco.
De maneira geral, a ausência de declarações negativas ajudou a reforçar o otimismo. O índice do dólar manteve-se acima de um nível técnico relevante observado na semana anterior, refletindo a melhora no humor dos investidores.
Apesar disso, as informações sobre as relações entre EUA e China continuaram nebulosas. Enquanto Trump afirmou ter se encontrado com o líder chinês Xi Jinping e avançado nas tratativas, autoridades chinesas negaram a realização de qualquer reunião. O secretário do Tesouro, Scott Bessent, também disse desconhecer negociações tarifárias em andamento. Essas mensagens contraditórias mantêm vivas as esperanças de distensão, mas evidenciam a continuidade da incerteza.
Recuperação do dólar permanece limitada
O índice do dólar (DXY) iniciou a semana com alta de 0,25%, cotado a 99,83 pontos. Ainda assim, acumula queda superior a 4% no mês frente às principais moedas, configurando sua maior desvalorização mensal em dois anos e meio. A atenuação das tensões entre EUA e China, observada na segunda metade da semana passada, contribuiu para uma leve recuperação da moeda norte-americana.
No front Japão-EUA, surgiram rumores de que Washington estaria pressionando por um dólar mais fraco. O ministro das Finanças japonês, Katsunobu Kato, e o funcionário da pasta, Atsushi Mimura, negaram essa intenção, aliviando preocupações sobre uma possível disputa cambial entre os dois países.
Enquanto isso, persiste o debate sobre uma eventual estratégia americana de enfraquecimento do dólar. Analistas alertam que tal política poderia desencadear uma venda em massa de Treasuries, elevar a inflação ao tornar as importações mais caras e provocar a intervenção de outros países desenvolvidos no mercado cambial.
Dados econômicos dos EUA em destaque nesta semana
Os mercados estarão atentos a uma agenda carregada de indicadores econômicos nos próximos dias. O principal destaque será a divulgação do payroll de abril na sexta-feira, mas outros dados de emprego, a partir de quarta-feira, também merecerão atenção. Além disso, o índice de preços PCE, medida preferida de inflação pelo Federal Reserve, será fundamental para a formação do sentimento de mercado. Os dados do PIB dos EUA e do PIB da Europa, bem como a inflação da zona do euro, também influenciarão o comportamento dos ativos.
Caso o relatório de empregos decepcione, o receio de uma desaceleração econômica e de recessão poderá ganhar força, aumentando a pressão sobre a política de juros do Fed. Atualmente, o mercado aposta em uma elevação da taxa básica na reunião do FOMC em 7 de maio. Dados mais fracos poderiam reacender as expectativas de corte de juros, enquanto números fortes tenderiam a apoiar o dólar e a reforçar a abordagem cautelosa do banco central.
No curto prazo, o otimismo com as negociações comerciais e os ajustes de portfólio estão ajudando a estabilizar a moeda norte-americana. No entanto, a tendência de baixa permanece intacta. Um acordo concreto entre EUA e China ou dados econômicos sólidos seriam fundamentais para uma recuperação mais duradoura. Sem esse suporte, a pressão sobre o dólar deverá persistir até o fim deste mês e início do próximo.
Por ora, as estratégias comerciais de Trump e os próximos indicadores econômicos continuarão a desempenhar papel central na definição da trajetória do dólar.
Perspectiva técnica para o dólar
O índice do dólar iniciou a semana passada com forte queda, chegando a romper o suporte de 98 pontos. A faixa entre 97,5 e 98 representa uma zona técnica crucial dentro da tendência de baixa iniciada no início do ano, alinhada ao nível de 1,272 da expansão de Fibonacci. Uma quebra sustentada abaixo desse intervalo poderia levar o DXY à zona de expansão de Fibonacci, abrindo caminho para um recuo em direção ao patamar de 94-95 pontos.
Na semana anterior, o DXY encontrou suporte próximo a 98 e resistência na região de 99,8 durante o movimento de recuperação. Um fechamento semanal acima de 100, dependendo da evolução dos eventos, poderia indicar uma retomada mais sólida, com possível movimento até 102,5 pontos.
Contudo, enquanto o índice permanecer abaixo de 100, a pressão vendedora deve continuar predominando, com suporte relevante entre 94 e 97 voltando ao radar dos investidores.
***AVISO: Este artigo é meramente informativo e não constitui qualquer oferta ou recomendação de investimento.