Neste momento de silêncio nos bancos centrais, o câmbio seguirá no rumo da política. Ontem, o desempenho da moeda americana foi reflexo da aversão ao risco, enquanto a conjuntura política por aqui ainda preocupa. Investidores mantém o real sob pressão.
Reforma do Imposto de Renda não seguirá direto para plenário, terá que tramitar no Senado antes para que chegue já sem excessos, trazendo alívio aos empresários e representantes de estados e municípios. O texto deve passar pela CCJ. Mercado espera uma solução para os precatórios e o novo Bolsa Família com a trégua política, que pode abrir espaço para as negociações avançarem no Congresso. Intenção da equipe econômica é que, com os recursos da taxação de dividendos em 15% que já passou pela Câmara, possa haver recursos para bancar o Auxílio Brasil.
Dados de ontem: o volume de serviços prestados no Brasil avançou 1,1% em julho, na comparação com junho. Foi a 4ª alta mensal seguida, o que levou o setor a atingir seu maior nível em 5 anos. Em relação a julho de 2020, o setor registrou alta de 17,8%, a quinta taxa positiva seguida nesta base de comparação. No acumulado no ano, o avanço é de 10,7% e em 12 meses de 2,9%. O setor de serviços é o que possui o maior peso na economia brasileira. Ele foi o mais atingido pela pandemia, dadas as restrições de funcionamento impostas aos estabelecimentos, sobretudo daqueles com atendimento presencial e tem o maior peso sobre o PIB. E serve de referência para o fôlego na economia no contexto em que a Selic alta pode comprometer o crescimento. A nova alta da Selic promete entrada de recursos para o câmbio.
A crise hídrica é um componente importante para a inflação e pode fazer a diferença para um PIB negativo ou positivo em 2022.
Ontem foi o último dia em que o BC poderia dar qualquer sinalização para o mercado antes de entrar no período de silêncio de uma semana que antecede o Comitê de Política Monetária (Copom). Roberto Campos Neto disse que o BC levará a Selic "onde precisar para alcançar meta de inflação", sinalizando que o BC pode não apertar ainda mais o ritmo de aperto monetário.
Em evento, Campos Neto disse que o Banco Central provavelmente terá que atuar no câmbio por conta de demanda associada ao desmonte do overhedge (proteção cambial adicional dos bancos) no final do ano. Há demanda de cerca de 15 bilhões de dólares que devem ser executados até 31 de dezembro por mudanças de tributação da variação cambial de investimentos no exterior, que começaram a entrar em vigor no final do ano passado.
Ontem, o IPC que mede as variações dos preços a partir da perspectiva do consumidor nos EUA veio abaixo do previsto, reforçando a ideia de que não haverá antecipação do tapering.