A estrela da agenda desta semana é a última reunião do ano do Comitê de Política Monetária do Banco Central do Brasil. Essa reunião ocorrerá nos dias 7 e 8 e a decisão sairá na quarta-feira após o fechamento do mercado. Ou seja, a reação no câmbio se dará na quinta feira.
As expectativas giram em torno de um aumento de 1,5 ponto percentual da taxa Selic, após divulgação de retração do PIB pelo segundo trimestre seguido. A taxa básica de juros está em 7,75% e deve subir para 9,25%. O que interessa saber para nós, do mercado cambial, é se o mercado já está trabalhando com esse cenário há alguns dias, ou se o real vai se valorizar após a decisão.
O normal, quando a taxa de juros sobe no Brasil, ocorra a queda do dólar. Porém, podem ocorrer duas situações: uma seria não mudar a taxa de câmbio significativamente uma vez que o mercado já aguardava por isso; e outra é realmente “cair a ficha” de que o movimento de carry trade será benéfico para o real e o dólar depreciar um pouco frente ao real.
Não podemos deixar de considerar o provável aumento dos juros nos EUA antes do esperado, que fortalece o dólar e não deixa o movimento de carry trade ser tão significativo. Mas esse aumento ainda está incerto por enquanto, uma vez que surgiram temores sobre efeitos potenciais da variante Ômicron do coronavírus sobre a economia global, dados abaixo do esperado do mercado de trabalho norte-americano e um tom persistentemente duro de membros do banco central dos EUA acerca da inflação.
Mas… como aqui é Brasil e nossa política entra como uma variável importante na precificarão do câmbio, devemos “sentir” o humor quanto a PEC dos Precatórios também. Ela já passou pelo Senado, mas ainda tem a Câmara novamente no radar. A PEC pretende dar margem ao Executivo para colocar em prática o Auxílio Brasil no valor de 400 reais em substituição ao Bolsa Família em caráter permanente. Mercado pode preferir uma solução, seja ela qual for para esse assunto perante a incerteza do que ocorrerá. Que o teto de gastos está ameaçado já é fato.
Nos EUA, o governo federal está se aproximando de seu limite de empréstimo de 28,9 trilhões de dólares, que o Departamento do Tesouro estima atingir até 15 de dezembro. Não prorrogar ou elevar o limite a tempo poderia provocar um calote economicamente catastrófico.
Como sempre no câmbio, estamos com variáveis que puxam a cotação do dólar para cima e outras que puxam para baixo. Será importante medir o que falará mais alto.
Amanhã sai o IGP-DI, um indicador de inflação por aqui e PIB do terceiro trimestre da Zona do Euro.