Depois de ter ficado vários meses acima dos R$ 5, o dólar começou a oscilar sempre com viés de baixa. No dia 16 de junho estava em R$ 4,82 e na manhã do dia 20 tinha chegado a R$ 4,79. A oscilação é natural, sempre haverá. A dúvida das pessoas é com relação ao que acontecerá com a moeda estadunidense daqui para frente e se vale a pena ou não comprá-la como ativo visando retorno futuro.
Há alguns meses, antes da aprovação do arcabouço fiscal, com tantas dúvidas sobre os rumos da política brasileira e a desconfiança que o mercado tinha do governo recém-eleito, a expectativa era de que a taxa básica de juros iria demorar muito tempo para começar a cair e que a economia também não se recuperaria tão rapidamente quanto o desejado.
Naquele cenário, a indicação era a de que o dólar se manteria no patamar de R$ 5 a R$ 5,15 por um tempo maior. Então, se entre uma oscilação ou outra ele chegasse próximo a R$ 4,80, seria um bom valor para voltar a comprar. Isso porque sua movimentação sempre tinha, para o mercado um viés de alta.
Mas o tempo passou. O Executivo conseguiu convencer o Congresso Nacional a aprovar o arcabouço fiscal. Ao contrário do que se temia, as ações do governo caminham para um controle fiscal mais sólido e um projeto consistente para a reforma tributária parece estar mais perto da realidade do que se imaginava. A inflação mostra arrefecimento e, com isso, já se prevê o início da redução da taxa básica de juros por volta de agosto. A economia melhorou um pouco e até a agência de classificação de risco Standard & Poor’s já deu um voto de confiança ao Brasil.
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Como se vê, as condições internas são favoráveis para o fortalecimento do real frente ao dólar hoje. Esse movimento não se limita ao Brasil, apesar de nossa moeda liderar o processo de alta. O dólar tem perdido força em diversos países. Tudo isso leva a crer que o viés mudou. Era de alta e agora é de baixa para o dólar.
Neste novo cenário que se desenha é preciso ter cautela. Não é o melhor momento para comprar dólar porque existe a expectativa de que a moeda vai cair ainda mais, salvo algum acontecimento excepcional, que inverta o fluxo de acontecimentos no mundo financeiro. Sendo assim, quem pensa no curto e no médio prazo precisa ter paciência. A alta exposição ao dólar pode gerar prejuízos.
Para quem faz day trade ou para quem investe a longo prazo o conselho é outro. Aqui há oportunidades de ganhos com a flutuação do câmbio entre a abertura e o fechamento do pregão. O investimento de longo prazo, por sua vez, funciona dentro de outra perspectiva. Neste caso vale fazer compras em um patamar menor pensando no retorno que ela pode gerar lá na frente. Alguns especialistas acreditam que o espaço para quedas ainda existe, mas é pequeno. Então, comprando pouco, quando a desvalorização do dólar chegar ao fundo do poço, aí sim dá para adquirir um montante maior para gerar lucro pela média. Além disso, por ser uma moeda forte, e por questões de diversificação da carteira, ter alguma exposição em dólar é sempre aconselhável.