Mercado fechou a semana como uma boia na água de um rio, indo para onde a correnteza levou, tensão e fala agressiva do presidente, dólar para cima, fala apaziguadora, dólar para baixo. A política ditou o rumo do mercado na semana passada. Na sexta feira-após, despencar na quinta, mercado subiu para responder novamente a incertezas sobre a confiança dos mercados na mudança de postura do presidente e ao salto na inflação ao produtor dos Estados Unidos. Mercado fechou com pressão compradora de dólar numa postura defensiva por parte dos investidores diante de possíveis manchetes políticas tensas que costumam pressionar o câmbio.
E já que a política não anda descolada da economia, aliás muito pelo contrário, destaco aqui que o governo está negociando com o presidente do Senado Rodrigo Pacheco (DEM-MG) uma votação mínima para a agenda econômica nas próximas semanas: a reforma do Imposto de Renda e marco do câmbio são as principais pautas para o mercado.
Assunto muito importante são os precatórios. O líder do governo no Senado Fernando Bezerra disse que existem varias soluções na mesa de discussão. Inclusive uma das opções seria pagar parcelado utilizando o ordenamento jurídico e, portanto, dispensando a aprovação da PEC. A proposta da PEC que retira os precatórios do teto é a mais “querida” dos congressistas e da ala política, mas o ministro da economia ainda resiste à ideia. O ministro Paulo Guedes disse na sexta-feira que conversas com o Supremo Tribunal Federal (STF) e os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado serão retomadas a partir de segunda-feira para resolver o problema dos precatórios no Orçamento do ano que vem, essa é a prioridade do governo no momento. Após lidar com o desafio dos precatórios, o governo dará foco à reforma tributária.
De dados o IPCA agosto acima do teto levou a uma onda de revisões para a inflação no final do ano e também para a Selic, ambas acima de 8%. Bem capaz que o aperto monetário seja maior do que o previsto e pese a mão nos juros, afinal a credibilidade é importante para controlar as expectativas. As vendas do varejo brasileiro avançaram 1,2% em julho devido à continuidade do processo de reabertura da economia. Com o resultado, o setor acumula alta de 5,9% em 12 meses. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que mede a inflação na cidade de São Paulo, subiu 1,34% na primeira quadrissemana de setembro, desacelerando em relação à alta de 1,44% observada no fechamento de agosto.
Nos EUA, os preços ao produtor (IPP) aumentaram com força (0,7%) em agosto, indicando que a inflação elevada deve persistir por um tempo, com as cadeias de abastecimento permanecendo apertadas conforme a pandemia se arrasta. No acumulado de 12 meses até agosto, o índice acelerou a 8,3%. À medida que os analistas aguardam sinais do Federal Reserve (Fed) sobre quando exatamente o banco central reduzirá suas compras emergenciais de títulos, sinais de pressões persistentes nos preços podem antecipar apostas de corte de estímulo, que, por sua vez, tenderia a impulsionar o dólar.
A presidente do Fed de Cleveland, Loretta Mester disse que a inflação nos Estados Unidos pode permanecer alta este ano, mas arrefecer em 2022. Ela disse ainda que gostaria que o banco central começasse a reduzir as compras de ativos neste ano e encerrar as compras até o primeiro semestre do ano que vem, apesar do fraco relatório de emprego norte-americano de agosto. Vamos acompanhar...
Volatilidade foi a palavra que definiu a semana passada e a calmaria forçada da quinta feira após discurso presencial não tem fôlego para durar conforme vimos na sexta-feira.
Alguns pontos de preocupação continuam na vida do brasileiro, tais como, inflação impactada pela crise hídrica e preço da gasolina, reforma tributária e possível rompimento com o teto de gastos, variante delta do coronavírus, sem falar nas questões mundiais, dentre as quais destaco recuperação econômica desigual entre os países. Por aqui, o que não pode ser deixado de lado jamais em uma análise econômica é o panorama político, e ainda mais em período pré-eleição e com os ânimos tão acirrados. Muita calma na hora de se posicionar no mercado e principalmente pesem as variáveis, nada de atitudes impulsivas. Muito provavelmente você não fará o melhor negócio do mundo, afinal mercado de câmbio no Brasil acontece de tudo num mesmo dia, mas pode pegar a janela certa do mercado para vender ou comprar.