Após o Simpósio de Jackson Hole e o discurso do presidente do Federal Reserve (Fed) Jerome Powell, que, por enquanto, os estímulos ainda não serão tirados da economia, mas que pode ocorrer ainda este ano, e a certeza de que a taxa de juros por lá só vão subir bem depois do tapering, além de demonstrar mais uma vez conservadorismo devido à recuperação da economia estar ameaçada pela variante delta do coronavírus e não se sabe o quanto esta vai afetar a retomada, fizeram o dólar finalizar a semana operando em queda. Foi dito: "há muito terreno a percorrer para alcançar o emprego máximo e o tempo dirá se atingimos 2% de inflação no longo-prazo". O Fed permanecerá paciente à medida que tenta trazer a economia de volta ao pleno emprego, repetindo que deseja evitar controlar uma inflação "transitória" e potencialmente desencorajar o crescimento do emprego no processo. A reação de ativos financeiros em todo o mundo à ausência de sinalização por parte do banco central dos Estados Unidos sobre o momento de corte de estímulos foi acompanhado aqui e o dólar caiu e assim ficou durante toda a sexta feira. O dólar caiu porque os participantes do mercado reduziram drasticamente as expectativas para a trajetória de aperto de longo prazo do Fed.
Os comentários de Powell ofereceram um amplo roteiro de onde o banco central dos EUA se encontra à medida que se afasta das políticas implementadas para neutralizar o choque econômico da pandemia, ao mesmo tempo em que explica o fato de que a crise da saúde não passou e que milhões de americanos continuam de fora de trabalho como resultado disso. O afastamento das compras de ativos agora parece apenas uma questão de tempo, contanto que o robusto crescimento do emprego nos EUA continue em agosto e no outono.
O impasse dos precatórios segue por aqui, mas desta vez com o STF tentando ajudar. Parece que a ideia é criar um sublimite corrigido pela inflação para as despesas com as dívidas judiciais. Seria partindo do valor dos precatórios de 2016, quando foi aprovada a lei de teto de gastos e sobre esse valor R$ 30,3 bi aplicar a mesma correção do teto (inflação dos 12 meses em cada ano). Desta maneira, o limite para pagamento seria de R$ 39,943 bi em 2022 e o saldo de R$ 49,171 bi ficariam para ser pago nos anos seguintes. Um tipo de parcelamento menor. Isso deverá ser decidido até amanhã. O fundo de liquidações dos passivos com os recursos das privatizações e dividendos de estatais seria usado para o pagamento antecipado dos precatórios. Sem poder bancar as despesas correntes, os precatórios ficariam fora do teto. Isso pode abrir precedentes para incluir mais gastos fora do teto. Segundo Guedes, se uma solução parta os precatórios não surgir até 31/08 ele enviará a proposta de orçamento 2022 prevendo o pagamento dos R$ 90 bi. Vamos ver...
A reforma do Imposto de Renda segue sem data para votação. A crise hídrica amplia os riscos de desancoragem da inflação e desafia o Copom a aumentar ainda mais a taxa Selic.
O que percebemos é que embora o mercado consiga algumas janelas para respirar, a cautela continua no radar com o quadro fiscal complicado e a crise hídrica impulsionando ainda mais a inflação. Sexta feira muita volatilidade com a máxima de R$ 5,2606 e mínima de R$ 5,1878, surfamos na onda do exterior.
Para hoje, Boletim Focus e IGP-M. E como tudo aqui continua igual, ou seja, crise hídrica, reforma do IR e seus impasses, precatórios ameaçando teto de gastos, não me parece que essa baixa do dólar seja sustentável. Foi uma reação um pouco “exagerada” do mercado, rompendo piso de R$ 5,20. O dólar teve a maior queda semanal desde maio e fechou a R$ 5,196. A desvalorização acumulada na semana ficou em 3,52%. Resta ainda hoje e amanhã.