As autoridades estão tentando mostrar que a situação (na frente fiscal e de reformas) está avançando. Isso favorece a queda do dólar para um patamar mais baixo. A inflação alta está levando os investidores a considerarem a possibilidade de um posicionamento ainda mais duro do Banco Central, o que poderia beneficiar ainda mais a moeda brasileira.
Mercado de câmbio ontem operou com dólar em queda seguindo comentários apaziguadores de autoridades sobre a situação fiscal doméstica. O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), disse que não vai aprovar medidas que vão contra a responsabilidade fiscal ou calote no pagamento dos precatórios, garantindo que haverá solução dentro do teto de gastos. Isso acalmou bastante os investidores que viam como certa esta “furada de teto”. O dólar fechou a R$ 5,211. É a primeira vez em mais de dois meses que a moeda americana acumula uma sequencia de quatro baixas.
Atualizando as novelas políticas, o Auxílio Brasil - novo nome para o repaginado Bolsa Família - deve ser custeado por um plano B que seria a revisão de subsídios tributários como fonte de custeio deste auxilio. Na reforma do Imposto de Renda, parece que se houver apoio dos municípios conseguirá andar. Quanto aos precatórios, STF julgou inconstitucional o parcelamento e definiu o IPCA como correção. No embate Bolsonaro e STF, o presidente desistiu de levar adiante o pedido de impeachment contra Barroso.
A crise hídrica está complicada e governo já estuda aumentar ainda mais o valor da bandeira para arcar com despesas e impedir o racionamento.
IPCA-15 de agosto acelerou a 0,89% em agosto, após ficar em 0,72% em julho. Essa foi a maior variação para um mês de agosto desde 2002. Com isso, o índice acumula alta de 5,81% no ano e de 9,3% em 12 meses. Esse índice é uma previa da inflação.
O Brasil registrou déficit em transações correntes de 1,584 bilhão de dólares em julho, interrompendo três meses de resultados superavitários, num dado influenciado pelo aumento das remessas de lucros e dividendos para fora, divulgou o Banco Central nesta quarta-feira.
Na Europa, o economista-chefe do Banco Central Europeu (BCE), Philip Lane, disse ontem que a economia da zona do euro permanece a caminho de um crescimento robusto neste ano e no próximo, e a variante delta do coronavírus teve um impacto limitado na economia. O BCE prevê um crescimento de 4,6% neste ano e uma expansão de 4,7% em 2022. A inflação deve permanecer abaixo da meta de 2% , de modo que o banco terá que manter algumas compras de ativos por meio de outro esquema. Isso significa que os mercados não precisarão de muito aviso, disse Lane.
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Nos EUA, as atenções se voltam para o Federal Reserve com a realização da conferência anual de banqueiros centrais de Jackson Hole. Qualquer sinalização de redução iminente dos estímulos na economia por lá pode prejudicar ativos de países emergentes. A reunião iniciará de modo virtual hoje e o presidente do Fed, Jerome Powell, fará um discurso amanhã. Analistas acreditam que o Fed pode anunciar a redução em setembro ou novembro, mas provavelmente será uma redução lenta, sem compromisso com aumentos das taxas de juros.