O dólar caiu na segunda-feira mais de 1% em relação ao fechamento de sexta-feira, fechando em R$ 5,0224, menor valor em mais de um ano, com otimismo para a economia e atraindo fluxo pela alta da Selic. E ontem tivemos no Boletim Focus o já esperado aumento da inflação de 5,82% para 5,9%, e da Selic de 6,25% para 6,50% para este ano. Em relação ao IPCA de 2022, as estimativas foram mantidas em 3,78%, enquanto para 2023 ficaram em 3,25%. Para o PIB no fim do ano foi projetado aumento de 5%. Para 2022, a estimativa de expansão caiu de 2,2% para 2,1%. Para 2023 e 2024, foi mantida em 2,5%. Em relação ao dólar, as apostas caíram de R$ 5,18 para R$ 5,10.
De dados ontem também tivemos a balança comercial brasileira que registrou superávit comercial de US$ 2,564 bilhões na terceira semana de junho, o valor foi alcançado com exportações de US$ 6,757 bilhões e importações de US$ 4,193 bilhões. No acumulado do ano, o saldo comercial é superavitário em US$ 34,275 bilhões.
Para hoje, as atenções devem estar voltadas para a ata do Copom. É possível que tenhamos a justificativa para a necessidade da “intensificação” no ciclo de ajustes da Selic nas próximas reuniões, já que a inflação se mostra resiliente e acontece uma crise hídrica no País. O IPCA-15 também deve vir alto e desta forma embasar a justifica de aumentos de Selic ainda mais. Após ter sido retirada a expressão “ajuste parcial” e sinalizada a convergência da política monetária para o nível neutro (6,5%), mercado quer saber quais os motivos da desancoragem das expectativas de inflação. O que o investidor quer mesmo saber de forma mais clara nesta ata é o que fez o Banco Central mudar de conversa com relação a tese de choque temporário da inflação e o peso que o documento dará a crise hídrica para entender a pressão na inflação e o ritmo de retomada econômica. Além de tudo isso, também nesta ata ver se aparece algo sobre risco fiscal e ambiente político.
Hoje discursos de Mary Daly e de Jerome Powell do Federal Reserve, com atenção para as sinalizações do “momento ideal” para a retirada dos estímulos e o início do ciclo de aperto monetário (“tapering”). Atenção para o que dirão sobre a resposta à pandemia. Ontem, duas autoridades regionais do Fed disseram que uma saída mais rápida do programa de compra de títulos do banco central poderia lhe dar mais margem de manobra para decidir quando aumentar os juros.
O dólar quer cair com o BC disposto a andar a frente da curva, mas encontra como entrave o Fed mais hawkish. Os emergentes (nós estamos aqui) ficam em desvantagem se acaso subirem os juros dos EUA antecipadamente. Esta difícil de bater e ficar em R$ 5,00.
A vacinação que ganhou um ritmo mais forte nos últimos dias pode fazer a diferença para a retomada da atividade econômica e atrair mais fluxos para o Brasil e, com isso, conseguir apreciar o real. Sei que muitos leitores querem saber se o dólar vai cair ou subir, mas neste momento os sinais internos nos levam a crer em baixa e os externos não deixam isso acontecer, portanto, sejamos realistas e vamos prestar atenção nos dados, discursos e atas para ter um cenário mais firme para o câmbio. Se considerarmos de onde ele veio nos últimos meses até que caiu bem, testou o piso de R$ 5,00, mas ainda não chegou a se concretizar nisso. Ontem oscilou de R$ 5,0169 até R$ 5,0803.
Senado pode votar hoje a medida provisória 1034/21 que aumentou a CSLL para os bancos. Amanhã na Câmara deve ocorrer a entrega do projeto sobre mudança de IRPF e IRPJ. E como política também influencia no câmbio, não deixe de acompanhar essas notícias.