Amanhã, sexta-feira, 24, a atenção dos investidores estará para a divulgação do IPCA-15 de fevereiro, o qual deverá evidenciar a pressão altista de preços dos alimentos assim como do grupo educacional. Neste cenário, existe uma tendência de desvalorização do real frente ao dólar de curtíssimo prazo, contudo, a atual condução quanto as mudanças da meta de inflação assim como os dados melhores da arrecadação federal neste início do ano têm impactado positivamente para a queda da percepção de risco de curto prazo, impactando na tendência de valorização da moeda doméstica frente à americana.
A expectativa de valorização do real ganha força com o cenário externo, que engloba o tom dovish mantido na Ata do Fomc divulgada ontem pelo Federal Reserve. Apesar da expectativa do mercado por um tom hawkish após os dados do payroll de janeiro três vezes acima das estimativas do mercado e o CPI revisado para cima, o texto da Ata compreendeu a decisão para o aumento de 25 pontos-base em um momento anterior à divulgação dos dados e sugeriu outras altas de mesma magnitude.
Em outras palavras, em um cenário doméstico de manutenção da Selic no atual patamar por um período prolongado diante a deterioração das expectativas de inflação e a economia americana caminhando para o fim da alta dos juros, o diferencial de juros corrobora para a valorização da moeda doméstica frente à americana.
Atenção para os próximos dados econômicos dos EUA
A segunda divulgação do PIB americano de 2022 foi revisada para baixo, passando dos 2,9% para 2,7%, reforçando a perda de ímpeto da atividade para este primeiro trimestre de 2023 e levantando preocupações quanto aos efeitos da escalada de juros na economia do país. Em outras palavras, dados mais fracos de atividade reforçam o fim do aumento dos juros e consequentemente pode impactar no enfraquecimento do dólar.
Além disso, o segundo dado importante para a tendência da taxa de câmbio é o índice de preços PCE, este de janeiro, o qual ainda se espera que traga volatilidade para a divisa cambial justificado pelos dados do CPI americano que trouxeram pressões no núcleo de inflação.
Por fim, se faz necessário entender que os próximos passos do Fed quanto à política monetária estará estritamente correlacionada aos próximos dados econômicos, especialmente o CPI e o Payroll de fevereiro. Ainda que se espere dados melhores, ou seja, que corroboram para convergência da inflação para a meta, as disparidades entre um mercado de trabalho forte e uma atividade econômica fraca, trarão volatilidade para a divisa cambial.