Embora ainda predomine movimento especulativo no mercado de câmbio de dólar futuro, com reflexos diretos na formação do preço do mercado a vista, onde não há pressão efetiva de demanda e nem sinais de saída de recursos do país, é perceptível a perda gradual da intensidade desta ocorrência, já sendo identificar detectar o fortalecimento do viés de ajuste, baixa, do preço da moeda americana no nosso mercado.
A tendência presente é de baixa com volatilidade, visto que há posicionamentos fortes “apostando” contra o real que buscam conter a depreciação do preço do dólar frente ao real, porém os fatos recentes que demonstram que os ruídos manifestados pelos opostos à Reforma da Previdência vinham causando repercussões aparentemente mais intensas que suas efetivas relevâncias na propulsão ao movimento especulativo entraram em declínio.
O fluxo cambial persiste pífio, com absoluta ausência de ingresso de investidores estrangeiros, porém sem sinalizar qualquer movimento de fuga de capitais externos, deixando evidente que há uma postura de observação em torno da evolução da tramitação da Reforma da Previdência que é fundamental para alterar efetivamente as perspectivas de desenvolvimento a partir do novo Governo.
Abril indica o fluxo cambial da 1ª semana negativo de US$ 1,583 Bi, positivo no comercial em US$ 425,0 Mi e negativo no financeiro em US$ 2,007 Bi. Os bancos estão com suas posições vendidas no entorno de US$. 22,018 Bi, parcialmente ancoradas em linhas de financiamento em moeda estrangeira com recompra, concedidas pelo Banco Central do Brasil.
Fato relevante interno no país hoje é a assinatura pelo Presidente da Republica do projeto que garante autonomia do Banco Central do Brasil, sem que se conheçam os detalhes, e que deverá ser apreciado pela Câmara e pelo Senado Federal, medida aguardada há muitos anos e que deverá ter impactos relevantes no conceito de risco do país.
Como o conjunto de fatores políticos impactante na tramitação da Reforma da Previdência se sobrepõe aos fatos econômicos do país, em grande parte dependentes da aprovação da Reforma para ganharem viabilidade, a volatilidade na Bovespa é natural pois mais dependente do desenvolvimento econômico, porém o preço do dólar, ancorado na confortável situação das contas externas do país, substantivas reservas cambiais e estratégias operacionais do BC, não sugere ser um bom ativo para apostas especulativas, já intentadas várias vezes nos últimos meses, mas efetivamente sem sustentabilidade.
Todavia, o preço da moeda americana, atualmente mais pela tradição e menos pela razão, tem sido no país um termômetro do clima de tensões, e este fato fomenta ainda os movimentos especulativos.
No nosso entender, os fatores externos têm baixo impacto internamente, já que o foco atual no Brasil está centrado no próprio Brasil.
Há muitas situações embaraçosas no exterior. O Brexit e a União Europeia; as discussões comerciais Estados Unidos com a China, com esta sinalizando através seu mercado acionário a maior queda em 3 semanas, com os temos em torno do comércio e desaceleração, já que a economia é muito dependente do comércio exterior. Há muitos ruídos também no mercado de petróleo envolvendo Líbia e Rússia.
Mas, neste momento, acreditamos que tudo no exterior esteja à margem de impactos diretos no Brasil, que tem um problema pontual, sem o qual tem resumidas condições de voltar a ser protagonista.