Ontem mercado operou com menor volume devido a feriado nos Estados Unidos, e digerindo dados domésticos de inflação aqui no Brasil. Em 12 meses o IPCA-15 (considerado a prévia da inflação oficial) está bem distante do teto da meta; isso mostra que a gente perdeu um pouco a mão no controle da inflação. O IPCA-15 subiu 1,17% em novembro. Nos 12 meses até novembro, o IPCA-15 acumulou alta de 10,73%.
O reforço nas últimas semanas das expectativas de aumentos da Selic já mostra um real precificado. A taxa embutida em contratos de taxa de câmbio a termo dólar/real de um ano estava em 11,4% ao ano, contra 8,3% em meados de outubro e 2,4% um ano atrás.
O dólar operou em queda, ficando abaixo da marca psicológica de R$ 5,60, com investidores aproveitando para realizar lucros num dia sem grandes catalisadores externos e em meio ao debate sobre o ritmo de aperto monetário no Brasil. O dólar à vista caiu 0,51%, a R$ 5,5654.
Na última pesquisa semanal Focus, do BC, economistas aumentaram sua estimativa para o patamar da taxa Selic a 11,25% ao final de 2022. Atualmente, os juros básicos estão em 7,75% ao ano.
A piora das perspectivas para a economia é um obstáculo a mais para o real, uma vez que torna o país menos atrativo a investimentos externos.
Mercado de câmbio deve observar duas situações diversas: se por um lado expectativas de juros mais altos em um país tendem a aumentar a atratividade de sua moeda para investidores internacionais, por outro a inflação elevada não tem marcado presença apenas no Brasil e, com isso, existe a expectativa de aperto monetário mais cedo do que o esperado nos Estados Unidos, o que é um empecilho para o desempenho do real.
O mercado continuou, ontem, acompanhando a questão da PEC dos precatórios e o Auxilio Brasil. O relator da MP que criou o Auxílio Brasil, deputado Marcelo Aro (PP-MG), retirou do seu relatório a possibilidade de reajuste anual dos benefícios atrelado à inflação e hoje vamos continuar acompanhando esse tema. O impasse em torno da proposta dos precatórios começou a atrasar o cronograma do Orçamento de 2022, aumentando o risco de o projeto orçamentário não ser votado pelo Congresso neste ano.
Os resultados da nota de Setor Externo, divulgada pelo Banco Central ontem mostraram que, na esteira da recuperação econômica, o turismo internacional avança, embora ainda distante dos níveis pré-pandemia. Em outubro deste ano, os brasileiros gastaram US$ 531 milhões em viagens internacionais. O número é 87% maior que o gasto no mesmo mês de 2020, mas 64,7% menor que o registrado em outubro de 2019. No acumulado do ano até outubro, os US$ 3,847 bilhões em despesas de brasileiros no exterior ainda são 18% menores ante o mesmo período do ano passado. O desempenho da conta de serviços de viagens segue com um déficit menor ao de anos anteriores: enquanto o déficit acumulado até outubro deste ano foi de US$ 1,591 bilhões.
Sobre o investimento direto no país, IDP, somou US$ 2,493 bilhões em outubro, o resultado ficou abaixo das estimativas apuradas pelo Broadcast. No acumulado do ano até outubro, o ingresso de investimentos estrangeiros destinados ao setor produtivo somou US$ 45,788 bilhões. No acumulado dos 12 meses até outubro deste ano, o saldo de investimento estrangeiro ficou em US$ 49,223 bilhões, o que representa 3,06% do PIB. O Brasil registrou déficit em transações correntes de US$ 4,464 bilhões em outubro, puxado pela piora da balança comercial e do déficit em conta primária.
A ata do BCE deixou a política monetária inalterada na ocasião e descartou um aumento de juros no próximo ano, mas reconheceu que a inflação levará mais tempo para cair do que o estimado anteriormente, uma vez que os gargalos na indústria persistem e os preços da energia permanecem altos.