Para iniciar a análise do dólar nesta semana precisamos considerar o término da semana passada. O dólar comercial encerrou a semana vendido a R$ 5,268, com queda de R$ 0,077 (-1,44%). Finalmente caiu, após chegar a R$ 5,46. A divisa sobe 0,63% em julho, mas cai 5,52% em 2022.
O gatilho para o ânimo do mercado veio com a notícia de que a economia dos Estados Unidos criou 376 mil empregos em junho e animou os investidores. O número veio acima do previsto, o que reduz o risco de a maior economia do planeta entrar em recessão. Aliás, amigos, até esses dados saírem, era dada como certa a recessão por lá.
O ambiente de recuperação de preços de commodities e a diminuição da busca pela moeda americana no exterior, dada a redução dos temores de recessão nos EUA, abriram espaço para ajustes e realização de lucros no mercado doméstico de câmbio. O apetite ao risco começou a se recuperar após o BC americano não mencionar em sua ata, divulgada quarta-feira, a palavra "recessão".
No Brasil nada de novo, o receio é o mesmo dos últimos dias: o atraso na votação da proposta de emenda à Constituição (PEC), que aumenta benefícios sociais e cria auxílio para caminhoneiros e taxistas até o fim do ano. A votação foi adiada para amanhã por falta de quórum. O mercado tem receio do impacto de R$ 41,25 bilhões da proposta sobre o orçamento da União até o fim do ano.
Como temos visto no mercado, até que o fato ocorra a reação é muito ruim. Mas, depois, o mercado se acalma. Ou seja, se a PEC for aprovada amanhã, na Câmara dos Deputados, sem inclusão de mais benesses em relação ao texto que saiu do Senado, haverá redução das incertezas fiscais.
Enquanto isso, do outro lado do mundo, o Banco Central da China fez seu maior saque em dinheiro do sistema financeiro em três meses na semana passada, levantando a suspeita do mercado de que as autoridades estão saindo gradualmente do afrouxamento monetário do período de crise da Covid-19.
Por aqui, a meu ver, o cenário é de muita volatilidade. Para quem vai viajar nestas férias, deixo aqui uma dica: aproveite para comprar sempre a moeda do país de destino. Afinal, você faz um câmbio só. Se levar dólar para um país cuja moeda é outra, além de perder na cotação real/dólar você também perde na conversão dólar/moeda do país de destino.
E hoje, após finalmente acabar a greve do Banco Central, teremos o boletim Focus atual e o fluxo cambial estrangeiro. Nos EUA, vamos ver o que diz John Williams, do Fomc, sobre o tal “pouso suave”, após subirem os juros e tentarem trazer a inflação para a meta por lá. O que já é consenso no mercado são os 0,75 pontos-base para o próximo aumento da taxa de juros pelo Fed. Sugiro acompanhar também a paridade euro/dólar, que está bem estranha. Se subirem juros na Europa a paridade aumentará, senão deve continuar neste patamar visto semana passada, em torno de 1,017. Vamos acompanhar... e ótima semana para todos!