Bem-vindos de volta à nossa análise de câmbio diária e um Feliz 2022 para todos!
Farei aqui minhas considerações genéricas para o dólar 2022.
Ano de eleição já leva o mercado a incertezas e volatilidade. As incertezas são sobre os rumos da economia do país, o que tende a reduzir a entrada de dólares aqui e a estimular a busca por proteção no dólar. As incertezas fiscais, gastar mais do que arrecadar também deixam o investidor receoso de investir no Brasil.
Não vejo uma tendência de queda, apesar das altas de Selic que estão por vir e até podem e vão ajudar o real pontualmente. A alta dos juros aumenta o rendimentos das aplicações de renda fixa no Brasil, e isso atrai dólares de investidores estrangeiros, interessados em aplicar em um dos mercados com uma das maiores taxas de juros do mundo.
Mas, esse fator deve ser anulado pela mudança da política monetária dos Estados Unidos, quando o Federal Reserve (Fed) retirará dinheiro de circulação e começará a subir juros. O Fed avisou no dia 15 de dezembro passado, no último encontro do comitê de política monetária do banco central americano, que vai acelerar a retirada de dinheiro da economia, reduzindo as compras de títulos públicos. Também sinalizou que vai elevar juros em 2022. Essas medidas reduzem a quantidade de dólares circulando na economia mundial, o que fortalece a moeda americana em relação às outras moedas no mundo, incluindo o real.
O outro lado é que, por causa do cenário internacional, com preços ainda elevados de commodities e o dólar valorizado no Brasil favoreça as exportações de empresas brasileiras porque o produto local fica mais barato no exterior, ou seja, mais competitivo. E a expectativa de que a economia mundial cresça mais que o PIB do Brasil em 2022 ajuda a sustentar um cenário positivo para produtos brasileiros industrializados e commodities.
Mas, ainda tem os surtos de Covid-19 e suas variantes que ainda assustam e trazem o medo de novos fechamentos de fronteiras e atividade comercial.
Portanto, para iniciar o ano além das variáveis do ano passado (covid, incerteza fiscal, altas de Selic, retirada de estímulos da economia americana, inflação), incluímos as eleições.
E qual a certeza? De não termos certeza de nada. Vamos analisando o câmbio como deve ser, a cada dia, e cuidado com expectativas e principalmente taxas de câmbio a longo prazo, na última hora o mercado derruba todos os fundamentos. Vocês viram o último dia do ano? De R$ 5,70 para R$ 5,57.
Boa sorte para nós! Pois, o câmbio continua mais desafiador do que nunca. Vamos ver o primeiro Boletim Focus do ano e seguimos juntos aqui.