Boa semana, pessoal do câmbio! A semana passada encerrou com o dólar operando na mínima a R$ 4,8934 e na máxima a R$ 4,9646, e a moeda fechou a semana cotada a R$ 4,9151. A apreciação do real foi reforçada por fatores técnicos, com forte pressão vendedora no mercado futuro, em especial de estrangeiros, que deram continuidade ao movimento de desmonte de posições cambiais defensivas visto nos últimos dias.
Vamos olhar a política, que tem dado um ânimo extra para nossa moeda. Será que hoje vai andar um pouco mais a questão do arcabouço fiscal?
Com previsão de ser encaminhado ao Congresso Nacional ainda hoje, o novo arcabouço fiscal substituirá o teto de gastos que vigora desde o fim de 2016. Neste arcabouço, gastos estão atrelados às receitas, o que cria um caráter pró-cíclico para o novo marco fiscal, em que as despesas crescem mais quando o governo arrecada mais e caem quando a arrecadação recua. Pelo futuro arcabouço fiscal, os gastos sempre crescerão mais que a inflação. Em momentos de recessão ou de baixo crescimento, crescerão menos, mas, ainda assim, acima do IPCA.
O mercado está esperançoso. Se o governo for bem sucedido na política econômica, o real tende a se valorizar. Mas ainda há incertezas. É preciso ver o texto que vai ser apresentado e como vai ser o andamento no Congresso. Além disso, existe uma pressão por parte do PT para um projeto mais generoso do lado dos investimentos. Isso tem bastante potencial para mexer com o câmbio. Vamos acompanhar.
Por aqui, o nível da taxa Selic, atualmente em 13,75%, oferece uma rentabilidade interessante para investidores estrangeiros que tentam lucrar com estratégias de câmbio (carry trade) que se aproveitam de diferenciais de juros.
Olhando para os EUA, apesar de sinais de arrefecimento da inflação revelados pelo índice de preços ao consumidor (CPI) e ao produtor (PPI) divulgados na semana passada, o diretor do Fed, Christopher Waller, disse que a política monetária precisará continuar apertada por tempo considerável. Com isso as apostas de alta dos juros em 25 pontos-base em maio subiram da casa de 70% para mais de 85%. As estimativas ainda são de redução dos juros ao longo do segundo semestre. Temos que acompanhar o desdobramento da crise bancária também para ver se já da para encerrar o ciclo de aumento de juros por lá.
E no calendário para hoje teremos na Europa discursos de membros do BCE e da própria Christine Lagarde. Na Zona do Euro certamente haverá mais aumento de juros. Nos EUA, vamos conhecer o índice Empire State da atividade industrial de abril. E, aqui no Brasil, as previsões para o mercado através do tradicional boletim Focus, o IGP-10 e o IBC-Br.
Finalizo deixando os votos de muito lucro e uma excelente semana a todos!