Claro que estamos nos referindo ao presidente americano Donald Trump e ao presidente Jair Bolsonaro, ambos na mídia internacional, como maiores representantes da direita, e, no momento, sofrendo forte carga. Trump por sua atitude de declamar ao vento a fraude nas eleições americanas, sem conseguir provar e sem ser acatado em seus pleitos em qualquer das instâncias. E Bolsonaro por sua teoria negacionista sobre o covid-19, sendo responsabilizado pelas 203.000 mortes e mais de 8,1 milhões de infectados; e outras tantas instâncias mais.
Donald Trump, desde a invasão do Capitólio na semana passada, se tornou no linguajar da imprensa internacional um “lame duck” (pato manco), sendo abandonado por alguns de seus assessores, com muitos deputados e senadores de seu partido fazendo críticas e até pedindo sua renúncia nesses 10 dias que ainda faltam para o término de seu mandato. Já os democratas, segundo a presidente da Câmara Nancy Pelosi, querem correr com pedido de impeachment do presidente por entenderem que houve crime de sedição, desrespeitando a constituição e incitamento.
Bolsonaro segue provocando aglomeração por onde passa (vide sua passagem por praia popular na virada do ano e outras tantas), a demora de seu governo em se preparar para a imunização da população e decisões estabanadas de confiscar seringas e agulhas (negadas pelo STF), as ameaças feitas de que por aqui algo poderia acontecer ainda, pior caso não haja voto impresso nas eleições de 2022 ou mesmo com as acusações de desmantelamento de estruturas para evitar que seus filhos sejam investigados por possíveis fraudes, usando o aparelho do Estados em proveito próprio.
Nos EUA, as coisas podem evoluir rapidamente e ainda pegar o presidente antes do encerramento do mandato, o que prejudicaria ainda mais sua liderança dentre os republicanos e eventual tentativa de retorno nas próximas eleições. Já retiraram de Trump um dos instrumentos mais utilizados, qual seja seus tuites constante na madrugada, com seu banimento.
Aqui, as redes sociais de que Bolsonaro tanto gosta estão em polvorosa, com as mais diversas teorias conspiratórias, onde o presidente estaria preparando um golpe nos moldes do que ocorreu no Chile com a polícia militar e aqui com a aproximação de Bolsonaro com a tropa da PM. Nesse final de semana mesmo, dois colunistas e escritores renomados falaram que o presidente deveria se suicidar e, por conta disso, o Ministério da Justiça deve abrir inquérito.
Evidentemente que nada disso convém ao Brasil, que precisa de decisões urgentes e profundas para ajustar a economia, e que padece de quadro fiscal grave. É evidente também que o impeachment não pode ser uma decisão corriqueira nos países, que passa a sofrer muito mais. O que sempre pregamos é o entendimento harmônico entre os três Poderes, para que haja mais agilidade na aprovação de medidas boas para o país e sua população. Do contrário, todos sofrem, e claramente os mais pobres são os mais atingidos. Isso também abre brecha para oportunistas de plantão e heróis da pátria fazerem carreira, com mirabolantes teorias para salvar o Brasil, todas muito simples e quase sempre erradas.
É hora de todos colocarem a mão na consciência e tentarem fazer o melhor para o Brasil. Que os astros iluminem nossos dirigentes e que nosso país não tenha que mergulhar ainda mais no obscurantismo que tem dominado nos dias que correm.
Sabemos que isso é difícil num país que foi seviciado por décadas de descalabros. Porém, não há mais espaço para tal.
Alvaro Bandeira é sócio e Economista-chefe do banco digital modalmais