No Brasil essa semana foi tudo de bom. A PEC dos gastos foi aprovada, o Brasil assumiu o primeiro lugar no grupo pela classificação para a próxima Copa do Mundo e para melhorar tivemos um feriado cheio de presentes para as crianças (melhor que brinquedo é dar educação para elas... visite o site e baixe gratuitamente um guia de educação financeira para seus filhos).
Tudo de volta aos trilhos.
Sobre a PEC, sua aprovação foi tão bem quanto esperado com um governo apostando em no mínimo um resultado com mais de 350 “sim” e atingindo os 366 (111 “nãos” e 2 abstenções). Também pudera... com um jantar para 200 deputados e com exonerações pontuais e temporárias de seus ministros para votarem a favor, se a PEC não fosse aprovada o presidente poderia fazer as malas e voltar para casa.
Opina aqui, briga ali. Com pequenas interrupções à parte realizadas por opositores, o processo da PEC prosseguiu com sessões sucessivas e teve sua análise concluída na madrugada da terça feira. Após a sua aprovação, um protesto aqui, uma opinião contrária ali foi até ouvidas, mas o seu principal e mais forte (será que ainda é?) opositor, o PT, não conseguiu grandes coisas.
Já sobre a seleção, voltamos ao topo do futebol latino americano com uma vitória sobre a Venezuela, time outrora expressivo e agora uma mera sombra de seu passado. Mas quem vai mal, além do time, é também o próprio país. Durante o jogo o apagão mostrou mais do que um mero acaso, mas também mostrou ao mundo um país à beira do colapso. Jornais estrangeiros reportaram que, em forma de protesto, ao apagar das luzes um grande grupo de torcedores acenderam seus celulares e ao s gritos clamaram “Fora Maduro”. Pareceu até combinado.
O país cada vez mais isolado se vê frente a uma de suas maiores crises sendo ele até expulso do bloco comum da América do Sul, bloco esse que tem avançado nas negociações de um acordo de livre comércio junto da União Europeia. Nessa semana em Bruxelas, o acordo avançou com a troca de ofertas entre os blocos sendo que desta vez, com governos mais à direita, as propostas têm feito maior sentido e agradado ambos os lados. Em março do ano que vem, novas rodadas de negociações serão iniciadas, desta vez por aqui (Buenos Aires).
E falando agora da nossa empresa mais trending topics do momento, a Petrobrás está a todo gás e cheio de petróleo para dar e vender. Essa semana ela até voltou a ser a segunda maior empresa de capital aberto do Brasil, passando à frente dos gigantes Itaú (SA:ITUB4) e Bradesco (SA:BBDC4). E a que se deve seu crescimento? Bom, em parte pela melhora operacional que a empresa vem demonstrando trimestre a trimestre, mas também pelo sentimento de melhora que a nova gestão vem imprimindo no mercado financeiro e que segue a prática do “sobe no boato”.
Pela parte operacional, os planos da petroleira foram anunciados na última sexta feira (14/10) e incluem uma redução no preço da gasolina e diesel, baseados na nova política de preços de seus produtos levando em conta a paridade dos preços nacionais com os internacionais (os preços da Petrobrás não são revisados para baixo desde 2009). De acordo com o novo projeto, as revisões ocorrerão mensalmente e acompanharão a tendência dos mercados internacionais.
Não se sabe ainda se essa diminuição chegará aos bolsos dos consumidores, mas se chegar, deverá retirar em média R$ 0,05 do preço final de compra. E se a inflação já vinha convergindo para queda, agora os economistas apontam com mais certeza a direção de baixa no IPCA.
Foi o que demonstrou a pesquisa FOCUS da segunda (10/10) com os economistas esperando uma inflação de 7,02% partindo de 7,22%. Para 2017 a taxa também foi projetada menor passando de 5,13% para 5,05%. Demais itens foram estimados em:
- PIB16 (piora): -3,14% para -3,15% / PIB17 (mantido): 1,30%.
- SELIC16 e SELIC17 (mantidas): 13,75% e 11% respectivamente.
- DÓLAR16 (melhora): R$ 3,28 para R$ 3,25 / DÓLAR17 (melhora): R$ 3,50 para R$ 3,45
BRASIL DE CARA NOVA Pelo menos aos olhos dos estrangeiros... foi o que afirmou essa semana o Financial Times quando noticiou que o Brasil saiu de posto de país a ser evitado para o novo (ou de novo) emergente queridinho com um governo pró mercado e com uma agenda de reformas políticas e econômicas. O jornal destaca ainda a retomada do movimento nas bolsas de valores tendo ela já se valorizado mais de 40% nesse ano e o real ter se fortalecido mais de 20% frente ao dólar.
Outra instituição que nos tem visto com bons olhos é o FMI, quando nessa semana o fundo assinou um acordo bilateral inédito com o Brasil onde na prática, caso seja necessário, o país poderá emprestar dinheiro à instituição em um total máximo de US$ 10 bilhões (o Brasil possui mais de US$ 375 bilhões em reservas).
E para fechar as notícias aqui do Brasil, nesse fim de semana ocorreu o encontro dos BRICS, grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, considerados os emergentes da vez pelo então presidente do Goldman Sachs, Jim O’Neil, em 2001. No evento, o presidente brasileiro reafirmou pontos positivos sobre o país como a recente queda apurada na inflação, os índices de confiança em crescimento, as previsões de um PIB maior em 2017 e a reentrada de capital estrangeiro no país. No evento, Michel Temer também aproveitou para fazer coro ao plano de ajuste de contas brasileiras com a aprovação da PEC do teto de gastos que, segundo ele, pode vir a diminuir alguns benefícios no presente, porém com um objetivo maior no futuro, que é evitar a quebra das contas públicas no longo prazo.
Ainda sobre o BRICS, a China afirmou ter intenção de criar uma área de livre comércio entre os membros do bloco e os chineses em um acordo onde haja a remoção de tarifas e barreiras não tarifárias a fim de atingir benefícios mútuos entre os participantes do acordo.
NÃO VAMOS POR UMA META, MAS QUANDO ATINGIRMOS A META... Iniciando o giro internacional, o Japão continua no marasmo econômico de sempre com suas metas de crescimento e inflação não sendo cumpridas e, portanto, sendo constantemente alteradas.
Nessa última semana, o presidente do Banco Central japonês, Haruhiko Kuroda, afirmou que a inflação não vem convergindo para a meta inflacionária de 2% ao ano e a data para ser alcançada talvez seja postergada em alguns meses. Atualmente a previsão é para março de 2018. O presidente do BC tem demonstrado a cada novo pronunciamento que não está confiante com o cumprimento da meta e que não gostaria de cravar uma data exata para ela, visto que ela poderá ser novamente alterada.
E se no Japão as coisas estão mais devagar do que o previsto, na Europa diversos índices apontam para uma retomada de crescimento acima do esperado. Nessa última semana, dentre os dados apresentados, o índice de confiança dos investidores da zona do euro saiu de 5,6 em setembro para incríveis 8,5 em outubro (a expectativa era uma média de 6,3). Esse sentimento de melhora trouxe ânimo aos mercados quando se esperava também um possível repuxo para baixo com o risco da decisão do Brexit sobre os investidores na Europa.
Outro dado relevante veio com a leitura realizada pela OCDE sobre as principais economias do mundo. Em seu relatório de indicador mensal, a taxa de crescimento para seus trinta e quatro países membros se manteve em 99,7 (em uma escala de 100). Apesar da estagnação, este resultado se deu principalmente pela mistura de crescimento em países industrializados com uma leve queda no Reino Unido que regrediu pela expectativa de um “hard Brexit”.
Esse sentimento de uma “saída mais dura” vem crescendo com o recente debate acerca da necessidade do Brexit passar ou não pelo parlamento. A primeira ministra Theresa May até então se mostrou favorável à implementação direta do processo de saída, porém cada vez mais parlamentares, sejam da base aliada ou da oposição, vem demonstrando que a saída não será nem tão rápida, nem tão fácil. Apesar de o plebiscito ter indicado que a maioria do Reino Unido deseja a saída do bloco, a ideia de que esta saída deve ser discutida entre os políticos ganhou força, tendo May concordado com o debate. Por outro lado, já foi descartado por ela o fato do Artigo 50 ser posto em votação, artigo esse que aciona a retirada do Reino Unido do bloco.
A recente apreensão se deu com os boatos de que grandes bancos europeus estão planejando se retirar gradativamente do Reino Unido durante o processo de separação do bloco, já tendo o Ministro das Finanças francês, Michel Sapin, afirmado aos bancos norte-americanos que esta decisão estava tomada pela França, bem como pelos demais membros do Conselho Europeu. Com a saída, Londres hoje capital financeira da União Europeia, perderá muitos de seus benefícios após sua saída, o que deixará a vaga de centro financeiro em aberto, tornando demais países europeus atrativos para tornar-se o novo “Money point”.
Para fechar esse resumão, falando da Máquina do Mundo, a China tem apresentado resultados mistos que, hora apontam para uma desaceleração mais agressiva do que se esperava, hora para uma estabilidade financeira e econômica.
De lado positivo, houve o avanço de mercados chineses em máximas históricas com recentes notícias de que o governo chinês pretende reduzir as dívidas corporativas de suas empresas estatais de capital aberto, permitindo fusões e reestruturações entre elas, além da aceitação de falências de securitizações das dívidas destas empresas. Em pronunciamento, o Primeiro Ministro chinês, Li Keqiang, disse que a economia do país tem apresentando consistente melhora com indicadores de produção e investimentos tendo confirmado tal recuperação.
Por outro lado, dados fracos como o índice de exportações, o qual caiu mais de 10% em setembro em comparação com o mesmo mês do ano anterior e o de importações com queda semelhante, apontam que nem tudo tem saída conforme o planejado ou divulgado pelo governo. Ainda por cima, há um receio de que os bancos chineses precisem de injeção de capital extra com a piora recente observada no total de dívidas das empresas com as quais os bancos possuem empréstimo. Com o aumento das dívidas e dos créditos podres, estima-se que mais de 1.5 trilhão de dólares sejam necessários para cobrir o rombo causado pelas estatais chinesas.