O fundo de venture capital (VC) First Round tem uma placa logo na entrada do escritório deles, no Vale do Silício, onde lê-se: “O futuro é (das) fundadoras”.
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Isso porque, ao completar 10 anos (em 2015), o VC analisou a performance de seu portfólio — 300 startups investidas, 600 fundadores — e descobriu que empresas com pelo menos uma fundadora performaram 63% melhor que as fundadas apenas por homens.
Assim como a First Round Capital, muitas outras pesquisas já comprovaram que equipes com maior diversidade têm melhor desempenho e retorno financeiro. Ainda assim, os aportes em empresas com fundadoras mulheres ainda ocupam muito pouco do total – ao todo, empresas com mulheres em cargos superiores só ganharam uma parcela de até 19% do VC nos últimos anos, como mostra o recente report feito por Distrito, Endeavor e B2Mamy, sobre fundadoras mulheres.
Os aportes refletem um problema muito evidente do Venture Capital: a predominância de homens dentro dos fundos. De acordo com um levantamento da TechCrunch, em um cenário macroeconômico mais desafiador, os investidores de Venture Capital tendem a se voltar para suas próprias redes de contato em busca de operações “mais seguras”, que, numa rede tão restrita e dominada por homens, é majoritariamente masculina. Logo, com a predominância masculina nesse contexto, menos fundadoras são selecionadas – isso é chamado de viés de similaridade, ou seja, a predisposição a confiar naqueles que compartilham experiências, interesses e origens semelhantes.
De acordo com a U.S Small Business Administration, o investimento em fundadoras está diretamente ligado à participação de investidoras: quando há uma mulher à frente dos investimentos, o aporte em empresas co-fundadas por mulheres quase triplica (34% vs 13% de fundos com lideranças majoritariamente masculinas). Quando olhamos os casos de mulheres CEOs, não apenas co-fundadoras, a diferença é ainda maior (58% vs 15%).
A aposta em diversidade vai além da equidade, é uma jogada estratégica no mundo dos investimentos. A ausência de mulheres no ecossistema de inovação nos custa muito – trilhões de dólares anualmente. Se mulheres investissem tanto quanto homens, teríamos US$ 3,22 tri disponíveis a mais dentro do ecossistema; se elas participassem tanto quanto homens dentro das áreas de tecnologia e inovação, o PIB de países em desenvolvimento e subdesenvolvidos ganharia US$ 1tri para rotatividade a partir de suas produções.
Já não se trata apenas de visão de mundo, mas de impacto real no capital. É impossível inovar sem que tragamos diferentes opiniões e ideias para a mesa. Sob a perspectiva da diversificação, proporcionar oportunidades iguais para os igualmente talentosos, independente do gênero, raça ou origem, é um propulsor para criar um ecossistema cada vez mais inovador e eficiente.
*Esse texto foi escrito em parceria com a Helena Ribeiro, responsável pela comunicação do Kria.