Publicado originalmente em inglês em 27/01/2022
A Opep+ fará sua próxima reunião na quarta-feira, 2 de fevereiro, na qual avaliará o mercado petrolífero e definirá sua política de produção para o mês de março. A expectativa é que o grupo aumente sua oferta em 400.000 barris por dia (bpd) a partir daquele mês, assim como tem feito desde meados de 2021.
Mas o cartel deverá levar em consideração alguns outros fatores capazes de impactar o mercado. Apresentamos a seguir as três questões mais prementes que deverão entrar nos cálculos de produção da Opep+:
1. Valorização maior do petróleo
Os preços do petróleo estão em alta neste momento.
Na quarta-feira, o barril do tipo Brent atingiu a marca de US$90 pela primeira vez em sete anos. Da mesma forma, a cotação do barril de WTI subia para quase US$88 até o meio-dia da sessão de ontem. É evidente que os membros da Opep+ gostam de ver os preços subindo, e não há indicações ainda de que tais níveis poderão gerar problemas para a economia global.
Contudo, determinados produtores do grupo, como a Arábia Saudita, historicamente tentam evitar que a Opep enfrente situações em que os preços altos do petróleo acabem provocando uma contração econômica e, por conseguinte, prejudicando suas vendas.
O grupo terá como tarefa determinar se o que está por trás do atual rali de mercado são os fundamentos ou apenas especulação. Se o grupo acreditar que a especulação, e não a dinâmica própria de oferta e demanda, está alçando os preços, muito provavelmente prosseguirá com sua política atual, sem mudar de posição.
2. Conflito entre Rússia e Ucrânia
O imbróglio envolvendo a Rússia e a Ucrânia deve continuar atraindo grande parte das atenções dos operadores. Os traders parecem acreditar que uma possível invasão russa na Ucrânia possa gerar distúrbios no mercado petrolífero, bem como desarranjos na oferta do produto.
Isso explica bastante a valorização que estamos vendo no mercado. No entanto, ainda não se sabe ao certo se tal invasão seria capaz de transtornar tanto assim o mercado. Alguns argumentam que, mesmo no cenário de uma invasão e subsequente reação do Ocidente na forma de sanções contra bancos e a indústria energética da Rússia, as compras petrolíferas da China ajudariam a dar sustentação ao petróleo russo.
Também há razões para acreditar que a Alemanha irá continuar comprando o fornecimento de energia proveniente da Rússia, na medida em que já busca obter uma isenção caso tais sanções se efetivem. Os fluxos de fornecimento podem mudar, mas é pouco provável que a Opep+ venha a enxergar uma razão, pelo menos neste momento, para fazer qualquer mudança em sua política, em vista de como a situação está se desenrolando na Europa.
3. Baixa produção da Opep+
Membros da Opep+ não estão conseguindo produzir o suficiente para atingir sua cota atual de 40,894 milhões de barris por dia. Isso levanta a questão sobre se a organização deveria continuar elevando suas cotas ou pelo menos aguardar até que seus membros consigam atender a produção.
A expectativa é que a Opep+ continue elevando as cotas de produção, mas apenas os membros capazes de fazer essas adições irão efetivamente implementá-las. A realidade é que a Opep+ não aumentará sua oferta em 400.000 bpd a partir de março. No entanto, um recuo em relação aos aumentos mensais geraria uma indesejável pressão altista nos preços.
A reunião da Opep+ será realizada por videoconferência em 2 de fevereiro, e espera-se que os membros cheguem a um consenso nesse dia. Aliás, a Saudi Aramco (SE:2222) deve divulgar seus preços oficiais de venda para março logo após a reunião da Opep+. O mais provável é que a Aramco eleve os preços para a Ásia, o que deve fazer com que vários outros produtores do Oriente Médio sigam seus passos e também aumentem seus preços.