O que acontece no câmbio é que os ruídos políticos acionam compras defensivas do dólar, que já passou dos R$ 5,21 no intraday de ontem. O mês mal começou e, após a queda de quase 5% na taxa de câmbio em junho, já estamos com alta de 5% em julho.
As tensões políticas continuam dando o tom do mercado de cambio. O mercado de Nova York voltou ontem do feriado para dar liquidez aos mercados. O aumento dos combustíveis ascende mais um alerta para a inflação. O alívio fiscal com a arrecadação maior devido à recuperação da atividade começa a dar sinais de que pode ficar comprometido pelo auxilio emergencial prorrogado por mais três meses. Para manter o auxilio, o governo pediu abertura de um crédito extraordinário de R$ 12 bilhões, reforçando a sobra de R$ 7 bilhões ainda disponível por R$ 44 bilhões destinados ao programa no orçamento.
Para bancar o novo Bolsa Família, o governo contará com os recursos da taxação de lucros e dividendos. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), busca um consenso para aprovar as mudanças do Imposto de Renda (IR) antes do recesso.
A Prefeitura de SP identificou ontem o primeiro caso da variante delta e isso dá um tom de preocupação quanto à retomada das economias. E segue o dólar subindo.
O reajuste da gasolina faz com que as projeções do IPCA de 2021 subam ainda mais, e dando fôlego a isso temos também a alta da energia elétrica. As estimativas para a inflação de 6,80% feitas pelo Broadcast estão bem acima do teto da meta de 5,25%.
Todas as tensões políticas juntamente com o reajuste de combustíveis pressionam o Copom. Já se fala em aperto maior na próxima Selic. Bem capaz do Banco Central responder a tudo isso com uma dose de 1 ponto do juro ao invés de apenas 0,75 ponto, afinal, o contexto exige maior conservadorismo.
Lembrem-se que o Boletim Focus veio com expectativa para o IPCA 2021 de 6,07% e nem tinha ainda o impacto da alta de combustíveis.
Hoje, mercado se atenta para a ata do Fed e a dúvida continua sendo quanto à retirada de estímulos na economia americana, quando e como isso ocorrerá, ou seja, a que ritmo. Ainda assim, nada garante alívio ao dólar, já que a turbulência de Brasília esta falando mais alto.
No exterior destaque para a libra, que subiu após a fala de Boris Johnson sobre a intenção de relaxar completamente as medidas de restrição no Reino Unido a partir de 19 de julho.
Voltando ao assunto da reforma tributária, o relator da reforma do IR reconheceu que o projeto tem gordura e sugeriu um corte maior do que a sugestão de Paulo Guedes no IRPJ. Parece que vai mexer na tributação de dividendos, mas não na alíquota de 20%, e sim ampliando a faixa de isenção ou dando progressividade à tributação dos dividendos. Cresceu a pressão de empresários.
No Banco Central, Fabio Kanczuk e João Pinho de Melo não renovarão seus mandatos e devem sair em janeiro de 2022.
Ontem, as vendas do varejo na zona do Euro tanto mensal quanto anual vieram um pouco acima do que a projeção. Mensal de maio foi de crescimento de 4,6% e anual de 9%. O PMI de serviços dos EUA caiu a 64,6 pontos em junho, de 70,4 pontos em maio e o PMI composto, que agrega dados do segmento industrial e de serviços, caiu para 63,7 pontos em junho, de 68,7 pontos em maio.
No Brasil, a atividade industrial se reduziu em maio, com queda nas horas trabalhadas na produção e com retração na Utilização da Capacidade Instalada (UCI). Apesar da retração, as horas trabalhadas ainda se encontram em nível similar ao observado em fevereiro de 2020, antes da pandemia. O faturamento real da indústria de transformação aumentou 0,7% entre abril e maio de 2021.
O Indicador Antecedente de Emprego (Iaemp), medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV), cresceu 4,2 pontos em junho deste ano, na comparação com maio. Com o resultado, o índice atingiu 87,6 pontos, o maior nível desde fevereiro de 2020.
Hoje de calendário, temos IGP-DI mensal de junho, vendas do varejo de maio e fluxo cambial estrangeiro por aqui. As 15hrs a ata do Fed.
Muita volatilidade e revertida a tendência de baixa do dólar por tensões políticas. Os estrategistas seguem com avaliação pessimista para moedas emergentes, num contexto de dólar globalmente mais forte na esteira da mudança de tom do Federal Reserve, de dados mais robustos nos EUA e de um posicionamento mais limitado em real.