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Dirigentes do Fed estão mudando de ideia em relação ao ritmo de alta de juros

Publicado 25.10.2022, 10:35
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  • Fed espera manter credibilidade em relação à inflação e reduzir ritmo de alta de juros.
  • Manifestações políticas começam a pesar sobre o aperto monetário.
  • Reino Unido opta pela estabilidade, com Sunak buscando restabelecer a ortodoxia econômica.
  • Alguns gestores do “dinheiro espero” estão ficando incomodados com o Fed. No fim de semana, Barry Sternlicht, bilionário à frente do Starwood Capital Group, chamou os dirigentes do BC americano, inclusive Jerome Powell, de “bando de lunáticos", enquanto David Rosenberg, diretor do grupo de pesquisa de mesmo nome, afirmou que o presidente do BC americano deixou de ser um “Bambi para se tornar um Godzilla”.

    É claro que os gestores financeiros esbravejariam diante da alta de juros pelo Fed, alegando que a instituição pode jogar a economia em uma recessão. A sua insatisfação com os dirigentes do Fed se deve ao fato de terem esperado demais para combater a inflação, obrigando-os agora a tomar uma ação mais contundente para refreá-la.

    Não há muitas dúvidas em relação ao equívoco cometido por Powell e pelo Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), por terem subestimado a inflação no ano passado, e agora estamos pagando o preço. A questão, neste momento, tem a ver com as medidas que estão sendo tomadas, a fim de resolver o problema.

    Alguns membros do Fomc parecem estar mudando de ideia. A presidente da sucursal do Fed em São Francisco, Mary Daly, disse, na sexta-feira, que era hora de começar a pensar na desaceleração do ritmo de elevação de juros.

    Embora a expectativa seja que o FOMC siga em frente com sua alta de 75 pontos-base em novembro, os investidores já começam a alimentar as esperanças de que a alta de dezembro seja reduzida para 50 pb.

    Os comentários de Daly ecoaram os proferidos por Christopher Waller, dirigente do Fed, que neste mês declarou que o comitê de política monetária faria uma discussão aprofundada sobre o ritmo do aperto na próxima reunião, marcada para 1-2 de novembro.

    Mas os comentários de gestores financeiros, assim como as críticas de economistas, como Mohamed El-Erian e Nouriel Roubini, sugerem que os formuladores da política do banco central americano perderam grande parte da sua credibilidade. O problema é que eles ainda são os responsáveis por tomar as decisões.

    O chefe do Fed de Minneapolis, Neel Kashkari, declarou que o aumento do desemprego em uma recessão atinge a população negra de forma desproporcional, fazendo com que a ociosidade nesse segmento da população suba o dobro em relação ao nível oficial.

    Sternlicht está preocupado com o impacto nos trabalhadores de baixa renda em geral.

    “Uma pessoa rica que perde 30% ainda continua rica, certo? Mas uma pessoa pobre, que trabalha por hora e que perde seu emprego, irá dizer: ‘O capitalismo está arruinado, ele não funciona para mim. Eu perdi o meu emprego. E todo o sistema precisa ser derrubado'. Vamos ter descontentamento social”.

    Não importa o que acontecerá com o controle das duas casas do Congresso nas eleições de meio de mandato nos EUA, Joe Biden ainda será o presidente e seu governo anda estará no comando. Aliás, se os republicanos assumirem o controle do Congresso desta vez, começarão a vencer as eleições em 2024, o que ressalta a importância dessas considerações políticas.

    Os integrantes mais rígidos do norte da Europa assumiram o controle do Banco Central Europeu, pelo menos por enquanto, fazendo com que os investidores esperem um aumento da taxa básica de pelo menos 75 pb ou talvez até um ponto percentual na reunião da próxima semana do conselho dirigente.

    Vozes mais flexíveis, como a do economista-chefe do BCE, Philip Lane, para quem a inflação causada pela escassez de energia provocada pela guerra na Ucrânia é menos suscetível a aumentos de juros, perderam força em vista do caráter mais disseminado dos aumentos de preços.

    O Reino Unido segue seu próprio caminho. A escolha do ex-ministro da fazenda, Rishi Sunak, como primeiro-ministro, em substituição a Liz Truss e seu plano inoportuno de renúncia fiscal, acabou trazendo certa calma à economia do país.

    A expectativa é que Sunak mantenha o atual ministro das finanças, Jeremy Hunt, e apresente um plano na próxima semana para reduzir a explosiva dívida britânica. Sunak rapidamente rechaçou qualquer possibilidade de uma eleição geral para obter um novo mandato, confiando na confortável maioria conquistada por Boris Johnson em 2019.

    Sunak tem até o início de 2025 para persuadir os eleitores de que seu partido pode colocar a Grã-Bretanha de volta nos trilhos, mas seu primeiro desafio será manter sua base de apoio em linha, já que muitos parlamentares não gostam das suas políticas.

    O presidente do Banco da Inglaterra, Andrew Bailey, enquanto isso, pode parar de combater o incêndio provocado pela queda do mercado de títulos e voltar a apertar a política monetária, a fim de debelar a virulenta inflação no Reino Unido.

    O banco central disse que começará a vender parte do portfólio de títulos governamentais em 1 de novembro, um dia após a divulgação do plano fiscal do governo, além da reunião do Comitê de Política Monetária no dia 3 de novembro, que discutirá um aumento dos juros.

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