Não há dúvida que o mercado brasileiro já opera nesse momento no estágio de "atenção"; atenção ao que poderá vir após as eleições presidenciais desse ano. Na prática, significa que já opera em modo "risco político alto" adiante.
Para isso, basta analisar o comportamento da variável "dólar x real" frente ao "índice dólar", índice esse produzido a partir do comportamento do dólar frente a uma cesta de moedas mundo afora. Se não há um ruído, algo que internamente mude a percepção da moeda em questão, a tendência é que a relação da moeda de cada país em relação ao dólar siga a tendência do "índice dólar". Isto é, se o "índice dólar" sobe, a tendência natural seria verificar o mesmo comportamento do dólar para cada moeda de cada país.
Então, voltemos a atenção para a "paridade brasileira", "Dólar x Real"; tomemos do período de 1999 para os dias de hoje; 1999 porque até então, não tínhamos o que chamamos de "dólar flutuante". Nesse período, 1999-2018, em apenas 5 vezes é possível identificar de forma clara um comportamento da paridade "Dólar x Real" diferente do comportamento "índice dólar".
Abaixo, tais momentos estão marcados por A, B, C, D e E.
Em A, B, C e D, vimos um aumento do risco político no Brasil. No movimento A, ano de 2002, o Brasil esteve sob uma forte incerteza política. Depois de 8 anos sob o mandato do Presidente Fernando Henrique Cardoso, o ano de 2002 foi marcado pelo crescimento da candidatura de Luis Inácio Lula da Silva, candidato que no passado distante empunhava a bandeira de um calote na dívida externa entre outras idéias polêmicas para a época. Assim, o que vimos foi uma tendência clara de alta da paridade "Dólar x Real" mesmo diante da queda do "Índice Dólar",
O movimento B foi rápido; período marcado pelo Mensalão, por uma insegurança de que o então Presidente Lula não terminasse seu governo e jogasse o país em um cenário de instabilidade política. E o que vemos abaixo? Uma pressão para cima do "Dólar x Real" a despeito da contínua queda do "índice Dólar".
O movimento C marca também um período eleitoral. É possível identificar uma nova pressão para cima do "Dólar x Real" mesmo diante de uma queda do "índice dólar". Novamente, o mercado se vê diante de fortes incógnitas a respeito do que virá adiante, o que virá após as eleições, jogando o risco político para níveis altos.
O movimento D é um pouco mais difícil de leitura; no entanto, é inegável que o risco politico explode. Embora "Dólar x Real" não se movimente rigorosamente em direção contrária ao "índice Dólar", a força com que se movimenta para cima é infinitamente maior do que a força com que o "Índice Dólar" o faz. Foi o período marcado pela “instabilidade política pré-impeachment”. A Presidente Dilma Rousseff termina ou não o seu mandato? E quem assume? De que forma assume?
Estamos no "Momento E". A despeito de uma rápida alta em meados de 2016, alta essa também acompanhada pelo "Dólar x Real", o "Índice Dólar" mantém a tendência de queda nos últimos 15 meses. Numa outra direção está o "Dólar x Real", paridade que se recusa a cair. Os movimentos de um e de outro são claramente opostos, enquanto o "índice Dólar" cai, "Dólar x Real" numa visão pra lá de otimista se mantém em congestão com viés de alta.
Sim...bastar ver o segundo gráfico abaixo e a MA200 (Linha vermelha) no tempo SEMANAL empurrando a "paridade" para cima Não há dúvida que o mercado entrou em modo "risco político alto".
Não temos a mínima ideia do que está por vir...
Não temos a mínima ideia de quem será o vencedor em 2018...
Não temos a mínima ideia do que está na cabeça dos principais candidatos...
Não temos a mínima ideia de como acordaremos no dia 01-01-2019.
"Dólar x Real" (em gráfico de barras) X "Índice dólar" (em candles)
Dólar x Real, Semanal, escala logarítmica