O Itaú BBA iniciou a cobertura do Nubank (SA:NUBR33) (NYSE:NU), que estreou na bolsa de valores de Nova York (NYSE) como o banco mais valioso da América Latina, com recomendação “underperform” (expectativa de desempenho inferior) e preço-alvo de 8 dólares.
Segundo os analistas do Itaú (SA:ITUB4), a base de clientes do Nubank e a exposição de crédito tendem para a faixa de renda mais baixa no Brasil (56 por cento ganham até três salários mínimos). Por esses motivos, os analistas entendem que há uma limitação estrutural à monetização per capita que o preço das ações exige.
Adicionalmente, o risco de a empresa não entregar o crescimento esperado no futuro que justifique o valuation que ela possui hoje. Mesmo após o IPO, realizado em dezembro, ainda é possível notar a existência de uma assimetria entre o que o mercado está pagando (preço), os fundamentos que a empresa possui e suas expectativas a longo prazo (valor).
Pequeno investidor deve se preocupar com os prejuízos
Esse risco existe e a própria empresa admitiu que poderá continuar registrando prejuízos nos próximos trimestres até que consiga superar seu grande desafio (monetizar a base).
É até comum empresas como o Nubank, que ainda estão em fase de crescimento, terem dificuldades de apresentar bons resultados em seus primeiros anos de existência. No entanto, passar a cobrar por serviços que antes eram gratuitos pode tornar a vida da companhia ainda mais difícil, além de acabar prejudicando a sua base atual e a obtenção de novos clientes.
Diversificação de receita
Outro risco que pode afetar o interesse dos investidores em se tornarem sócios do Nubank é a alta dependência que a empresa tem de seu negócio de cartão de crédito, ganhando com juros e taxas de intercâmbio. Para mitigar tal risco, a companhia precisaria criar um ecossistema mais completo, oferecer novos produtos e serviços aos seus clientes e, assim, ter uma maior diversificação de receitas como o Inter (SA:BIDI11) possui, por exemplo.
Expansão internacional
Vale ressaltar que com o número de clientes avançando para 50 milhões, sendo a maioria brasileiros, o Nubank começa a se aproximar da base do maior banco do Brasil, o Itaú, com 60 milhões de clientes. Isso faz com que a empresa passe a depender de sua expansão internacional para continuar crescendo em número de usuários e, com esses esforços, riscos maiores poderão incidir sobre a fintech.
Por fim, destacamos que com a alta dos juros e o fato de as empresas de tecnologia terem a maior parte de seu valor nos lucros futuros, uma elevação na taxa de desconto nos valuations faz com que o ajuste no “valor justo” delas seja maior. Isso não interfere nos fundamentos do Nubank, mas sim nas premissas dos analistas, o que pode acabar impactando no interesse por suas ações no curto prazo.