Entre ursos e raposas
Dia ruim para bolsa: a despeito de a maioria dos resultados corporativos até aqui terem superado as expectativas na bolsa americana, dia é de realização de lucros por lá, na esteira de alguns balanços abaixo do esperado. O reflexo local é o de sempre.
Serve de lembrete para o fato de, a despeito das expectativas positivas lá fora — e, de fato, a maioria das empresas até aqui superou o consenso —, o nível de valuation incomoda. Os ursos pedem mais cautela, com sua dose de razão.
Por aqui, toda a atenção em torno de como as raposas votarão na segunda rodada da PEC do Teto: aprovação com boa margem tende a beneficiar a queda de juros longos.
Risco pelo risco?
Ações de bancos europeus recuperaram o nível pré-Brexit, na esteira de apostas em torno da dilatação de prazos dos estímulos monetários do bloco e de menores preocupações em torno do Deutsche Bank.
O detalhe é que não há, com relação ao Deutsche, absolutamente nada de concreto que aponte nessa direção. E o discurso de Draghi, ainda que lacônico, aponta precisamente na direção contrária.
Ou seja: o mercado está pura e simplesmente tomando mais risco — e isso não costuma terminar bem.
Dinheiro fácil e rápido?
Volta e meia recebo mensagens de pessoas que querem investir, mas não contam com praticamente nenhum capital inicial — e, não raro, se encontram inclusive em situação financeira complicada.
Infelizmente a imagem de que é fácil ganhar muito dinheiro rapidamente no mercado financeiro é forte. Esquece-se, entretanto, que as oportunidades de maior retorno trazem consigo riscos que pessoas em situação assim simplesmente não podem correr.
Minha resposta é sempre a mesma: ajuste suas expectativas, ajeite sua vida primeiro — pague suas contas, faça poupança e forme algum patrimônio… e depois conversamos.
Se você está nessa e não sabe bem por onde começar, talvez os conselhos do Mark possam lhe ajudar.
Roberto Campos manda lembranças
Operadoras estrangeiras de aeroportos já não fazem segredo sobre o interesse nos ativos que o governo se prepara para colocar no balcão. Não dissemos que, a despeito do choro com relação à disponibilidade de recursos subsidiados (leia-se BNDES), sob condições corretas os interessados apareceriam?
Resta a oportunidade de resolver questões relativas aos aeroportos já concedidos que enfrentam problemas. Galeão, Confins e Viracopos.
Para o primeiro, costura-se a substituição da Odebrecht por outra empresa no consórcio. Nos demais, o pleito é por reequilíbrio econômico-financeiro. A solução em Confins (cuja concessão é da CCR (SA:CCRO3)) parece factível, ao passo que em Viracopos (Triunfo) pode não bastar.
Roberto Campos gostaria de ver isso. Dizia o célebre economista que o Brasil só tinha duas saídas: o liberalismo e o Galeão. Caso tudo dê errado, pelo menos teremos mais alternativas.
Você decide
Resposta que uma assinante recebeu de seu assessor da corretora, ao questioná-lo sobre Fundos Imobiliários:
“Fundos imobiliários são papeis não recomendados por nossa corretora nesse momento. Dado que, com a taxa histórica da juros da economia em 14 por cento, é possível rentabilizar o patrimônio de uma forma bem menos agressiva e financiar o setor, como por exemplo em LCI.”
O que é mais provável?
A) Ele esqueceu que entramos em um ciclo de queda de juros e a maciça maioria das LCIs são pós-fixadas;
B) Ele tem uma LCI pré-fixada (coisa rara) para oferecer;
C) O mês está acabando, ele precisa bater a meta e está tentando empurrar o que tem.
Você decide!