No artigo da última semana, falei um pouco sobre a relação das famílias e, principalmente, dos casais com o dinheiro. No material, pude trazer alguns dados que nos ajudaram a entender a relevância das finanças dentro de um relacionamento.
Uma pesquisa realizada pelo Instituto Opinion Box em parceria com o Serasa (Perfil e Comportamento do Endividamento Brasileiro 2022), mostra que 62% dos entrevistados com dívidas sentiam que os problemas financeiros exerciam algum tipo de impacto no convívio conjugal e com a família.
Segundo a psicóloga Valéria Meirelles, que é especializada em Psicologia do Dinheiro, no caso de casais, podem surgir acusações de incompetência, falha na decisão x que acabou por levar ao status de endividamento.
Esse tipo de situação, sem dúvidas, acaba por gerar ressentimentos em ambos os lados o que, com o tempo, pode minar a relação.
Por isso, preparei algumas dicas para tentar ajudar, especialmente, os casais a não se meterem em “confusões financeiras”.
Antes de iniciar, porém, vale um disclaimer importante. Os tópicos que vou comentar a seguir devem servir apenas como uma referência e não precisam ser cumpridos ao pé da letra para gerarem resultado.
No fim das contas, cada família ou casal tem uma dinâmica própria que deve ser preservada. Portanto, o que vou dizer a seguir talvez precise de alguns ajustes para funcionarem melhor em outros contextos.
1. Fale sobre dinheiro com o seu parceiro (a)
Mesmo para quem vai casar ou ainda está no início da relação, é importante criar uma rotina para falar sobre dinheiro com o seu companheiro (a). Ainda que cada um tenha a sua individualidade preservada, a definição de objetivos individuais e em comum, seguida de um plano de ação é sempre bem-vinda.
Em outras palavras, não tem como não ter longo prazo se ambos não forem verdadeiros e honestos em relação a isso. Como eu disse, o como fazer varia muito de família para família e de pessoa para pessoa, mas o ideal seria ter este tipo de conversa ao menos uma vez por mês.
No conteúdo, o casal deve avaliar os gastos, compreender a evolução em direção aos objetivos definidos e fazer as devidas correções para que eventuais problemas sejam superados.
Em resumo, os tópicos da conversa são importantes, mas aqui a dica principal é criar a rotina desse bate-papo para que nada seja negligenciado, nem dentro da relação e nem nas finanças.
2 - Dividir as despesas conforme renda de cada um
Depende do casal novamente, mas não é justo uma pessoa que ganha menos banque 50/50 das despesas. Isto porque ela ficará muito mais comprometida do ponto de vista financeiro.
Existem casais que vão juntar tudo e vão decidir o que fazer. Outros vão definir um percentual da renda de cada para contribuir, o que também provavelmente funcionará.
Como eu disse mais acima, não se trata de uma receita de bolo. A dinâmica com a qual cada família se organizará deverá ser encontrada em conjunto e o que funciona para mim pode não funcionar para o outro.
O importante mesmo é ter algum tipo de acordo. Desta forma, a divisão das despesas de forma equilibrada não sobrecarregará nenhum lado e ajudará a criar uma relação mais saudável uma vez que discussões neste sentido tendem a diminuir com tudo organizado.
3 - Construir a reserva de emergência da família / casal
Antes do estabelecimento de qualquer meta como comprar um carro, uma casa, fazer uma viagem ou até mesmo casar, o casal precisa ter uma reserva de emergência.
Antes, educadores financeiros falavam em ter ao menos o equivalente a seis meses de despesas guardadas, mas, após a pandemia, a recomendação é ter ao menos a quantia necessária para um ano.
Esta reserva é importante, entre outros tantos pontos, para preservar uma certa estabilidade financeira. Imagine que um dos cônjuges perca o emprego e os rendimentos do outro não cubram a totalidade dos gastos básicos mensais?
Consigo pensar em ao menos duas possibilidades.
A primeira é que, caso não tenha reserva, esta pessoa provavelmente vai aceitar a primeira proposta de trabalho que aparecer, com o risco de tomar uma decisão equivocada e ruim para a carreira.
O segundo ponto é o mais óbvio: a falta de tempo. Com alguma reserva, o casal poderá planejar uma mudança para um lugar mais barato e vai conseguir controlar alguns gastos de forma mais ordenada e sem sustos. Isto sem falar na busca por um novo emprego, que poderá ser elaborada com um pouco mais de calma e sem comprometer outras áreas da vida.
4 - Definir as metas da família / casal
Feita a reserva, finalmente o casal poderá pensar em metas/objetivos como a viagem, a casa, o carro ou o casamento.
Neste ponto, é interessante criar um prazo para que aquele bem ou momento seja conquistado e criar etapas com reavaliação de estratégia e até mesmo de expectativas uma vez que os imprevistos podem acontecer.
5 - Manter um controle financeiro
Por último e não menos importante é manter o controle financeiro. Isto deve ser feito justamente para compreender se as metas estão sendo cumpridas, se o dinheiro está escoando para inutilidades e corrigir a rota.
Por isso, falar de dinheiro é realmente importante. Porém, mais do que conversar sobre as finanças, também é fundamental ter a visão e o controle do que acontece com as contas de forma periódica.
Se você não fizer isso, não há como avaliar se algo vai bem ou mal.
Por fim, vale ressaltar que este controle não tem como finalidade colocar amarras na vida das pessoas. Aliás, a proposta vai exatamente na direção contrária que é a de dar liberdade, com uma ideia madura daquilo que é e o que não é necessário.
Ainda que algumas pessoas taxem Luiz Barsi Filho, o famoso investidor da bolsa, de exagerado no controle de suas finanças, seu exemplo nos mostra que o maior valor do dinheiro não está no objeto material que ele pode comprar, mas nos momentos que ele pode proporcionar.
Portanto, aproveitem o Dia dos Namorados com seus respectivos parceiros (as) para criarem bons momentos juntos, para falarem sobre dinheiro e “para não ter que olhar os preços no cardápio” (risos).
E lembre-se de que a construção de uma vida financeira bem organizada vai proporcionar novas experiências e boas lembranças ao longo do tempo.
Feliz Dia dos Namorados!