Depois de oito pregões de alta era previsível algum ajuste na bolsa de valores paulistana (Ibovespa). Foi o que aconteceu nesta terça-feira (dia 08), ainda mais com o aumento da cautela no cenário fiscal, depois do ministro Guedes sinalizar a extensão do auxílio emergencial “por dois ou três meses”, talvez até setembro.
O custo inicial previsto é de R$ 18 bilhões e tudo irá depender do ciclo de vacinação em curso. Se 70% dos adultos forem vacinados até setembro, possivelmente, este auxílio deve cessar e será criada uma nova “Bolsa Família”. Não há dúvida de que a equação eleitoral deve pesar nesta avaliação.
Neste clima, no dia 08 a bolsa de valores caiu 0,76%, a 129.787 pontos, mesmo com Petrobras (SA:PETR4) em alta, decorrente da alta do barril de petróleo WTI, acima de US$ 70, pela primeira vez, desde outubro de 2018. No mercado de juro futuro, as taxas, de manhã em queda, acompanhando os treasuries americanos, fecharam o dia estáveis. As curtas até seguem esticadas, mas as intermediárias e longas, mais para estáveis ou em queda.
No Brasil e nos EUA saem índices de inflação, nesta quarta e na quinta-feira, respectivamente, o que pode alterar o transcurso da taxa de juros nos próximos meses.
Para o presidente do BACEN, Roberto Campos Neto, em seminário no JP Morgan, os “choques inflacionários” devem ser encarados como “temporários”. Para ele, “a curva de juros perdeu um pouco de inclinação recentemente, em função da alta dos juros, mas as commodities em reais se estabilizaram e algumas caíram”. Ele acredita que “seremos capazes de abrir a economia no segundo semestre, o real tem estado mais comportado nas últimas semanas e as expectativas de inflação implícita em 2021 subiram. Ou seja, as taxas curtas seguem em alta, mas as longas se estabilizaram.
Para Campos Neto, “o BACEN tem sido "bem explícito" que a normalização total trará a inflação para abaixo da meta de 2022. Estamos 100% comprometidos com a meta. No entanto, no problema hidrológico, não se sabe em que nível o impacto da energia vai vazar para 2022”.
Por fim, complementou que “teremos reunião do Copom na semana que vem e desde a anterior muitas coisas aconteceram e serão analisadas. Há preocupação com a inflação de serviços, com a total reabertura da economia, e, como o dito, com o choque tarifário de energia.” Aguardemos então.
No mercado cambial, a moeda norte-americana oscilou na terça-feira “sem rumo definido”, mas com margens bem estreitas. Ao fim, terminou próxima da estabilidade, R$ 5,0345, com baixa de 0,05%. Além do cenário se desenhando melhor, há grande volume de opção em aberto de dólar, entre R$ 4,80 e R$ 5,00, vencendo para o final deste mês, o que pode levar o dólar a menos de R$ 5,00 nos próximos dias. Ou seja, se nada “fora da curva” ocorrer, é possível vislumbrar o dólar abaixo de R$ 5,00 por estes dias.
Importante, no entanto, será estarmos atentos aos movimentos do Fed, já que teremos CPI de maio na quinta-feira e, dependendo do comportamento da inflação e das reações do mercado e dos diretores do Fed, TUDO pode virar e o dólar passar a se valorizar, não sabendo em que intensidade.
Por outro lado, segue a nossa leitura de que os bancos centrais no mundo devem manter uma “calibragem gradualista” na reversão da política monetária, o que deve ser favorável ao fluxo de recursos para o Brasil e outros emergentes.
Ontem, dia 08, tivemos os dados de varejo, PMC do IBGE, avançando 1,8% em abril contra março, surpreendendo os que achavam haver um “freio de arrumação na atividade”, ou um “aguardar” pelas vacinas, em atraso naquele momento. Lembremos que os dados da produção industrial vieram em queda em abril.
Este bom comportamento do varejo, no entanto, acabou estimulando as empresas do setor em dia da bolsa de valores em ajuste, com exportadoras de commodity e bancos em queda. Nos dados do varejo, destaques para a aceleração dos móveis e eletrodomésticos e o setor de vestuário.
E parece que o varejo deve continuar a “rodar bem” nos próximos meses, pois o auxílio emergencial deve ser prorrogado por mais “dois ou três meses”, até setembro ou outubro. Seguido a isso, claro, pensando nas eleições de 2022, o programa Bolsa Família deve ser reformulado e “reforçado” até as eleições.
Terça-feira foi dia também de IGP-DI de maio, acelerando de 2,22% a 3,40%, puxado pela alta do atacado, 4,2%, com as commodities em alta e o repasse da depreciação cambial entre abril e maio.
Agenda. Nesta quarta-feira é dia de IPCA de maio, com as expectativas de algo em torno de 0,7%, 7,9% em 12 meses. Na quinta-feira temos o CPI norte-americano e as expectativas apontam algo em torno de 0,6%, nos 12 meses a 3,5%, acima da meta central de 2,0%.
Nesta madrugada, de terça para quarta-feira, os preços de produção da China (PPI) variaram 9% em maio contra o anterior (12 meses), graças ao aumento dos preços das commodities, aumentando ainda mais as preocupações globais sobre a inflação. Já o maior fabricante de vacinas do mundo, o Instituto de Soro da Índia, prometeu fazer mais de um bilhão de injeções Covid. Luta para entregar.
Nos mercados, as bolsas de valores de NY operavam na “linha d'água”, próximas da estabilidade, e as commodities em boa ALTA, com as cotações do barril de petróleo, WTI e Brent, subindo 0,6%, a US$ 70,50 e US$ 72,70, respectivamente. No mercado de moedas virtuais, o futuro de Bitcoin operava nesta manhã em alta de 3,8%. No entanto, na deve reverter a visão de alguns que seguia “avançando rapidamente” para um padrão de baixa conhecido como “death cross”, um indicador que pode sugerir mais dor por vir. "A colisão parece inevitável neste momento", escreveu um pesquisador.
Bom dia e bons negócios!