O mercado já precificou uma alta de 100 pontos-base na Selic, ou até de 125 pontos base, o que pode impactar mais na queda do dólar. A meu ver, será um aumento acima disso. Um ajuste maior do que o contratado anteriormente (100 pontos-base) mostrará comprometimentos por parte de Bacen, elevando a credibilidade da instituição e aprimorando as chances de ancoragem da inflação para o ano que vem, tendo como objetivo a convergência para a meta em 2023. Ainda assim, mais juros significam potencialmente menor crescimento, o que em um país com mais de 13% de desemprego é bem prejudicial estruturalmente.
O mercado de câmbio doméstico tem acompanhado com atenção os acontecimentos em torno da política monetária, com instituições financeiras turbinando apostas para o aumento de juros conforme a inflação acelera.
A pressão sobre o real vai aumentar ainda mais em 2022, quando as condições financeiras ficarem mais restritivas e se o governo e o Congresso relaxarem a consolidação fiscal de olho nas eleições
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15, que é uma prévia da inflação oficial do país, chegou a 1,20% em outubro, mais alto que a taxa de 1,14% apresentada em setembro. O resultado também veio acima das prévias do mercado, que estimavam uma alta de 0,97%. No acumulado de 12 meses, o indicador chegou a 10,34%, acima dos 10,09% projetados pelo mercado.
As expectativas de inflação na zona do euro entre investidores em títulos bateram uma nova máxima em sete anos, de 2,0509%, nesta terça-feira, ultrapassando a meta do Banco Central Europeu (BCE). Isso se soma a vários meses de leituras de alta inflação na zona do euro e em outros lugares, levando a especulações de que o estímulo da era pandêmica oferecido pelo BCE é insustentável.
Ontem a PEC dos precatórios emperrou na oposição que decidiu fechar questão contra a PEC. Quase uma semana depois de a mudança de correção do teto de gastos ter sido incluída na PEC dos precatórios, o valor exato do espaço extra que o governo terá para gastar em 2022, ano eleitoral, ainda é uma incógnita. Enquanto simulações internas do governo apontam uma folga de R$ 83,6 bilhões, no mercado as contas indicam uma diferença ainda maior, passando dos R$ 90 bilhões. A coisa só deve acalmar após a votação da PEC.
A confiança do consumidor norte-americano subiu inesperadamente em outubro, com a melhoria das perspectivas do mercado de trabalho compensando os temores em relação à alta da inflação, o que sugere que o crescimento econômico acelerou no início do quarto trimestre. As vendas de casas novas subiram 14,0% no mês passado, para uma taxa anual ajustada sazonalmente de 800 mil unidades, patamar mais alto desde março.
Ontem o dólar à vista subiu 0,36%, e fechou a R$ 5,5727 na venda. No pico da sessão, atingido no início da tarde, a moeda havia chegado a subir 0,98%, a R$ 5,6070.
Selic só será divulgada hoje após o fechamento do mercado.