Já se passaram duas semanas do ano-novo, e qual é a commodity com o melhor desempenho até agora?
Dica: não é o ouro.
O paládio foi a estrela das matérias-primas em 2019, graças a uma valorização de 55%, e novamente está na liderança, com um retorno de quase 10% no acumulado do ano.
Os futuros do paládio atingiram a máxima histórica na quinta-feira, assim como seu preço spot, que registrou um novo pico na segunda-feira. Mas sua estreia em 2020 foi mais apagada do que no ano passado, quando o metal registrou uma sequência de máximas recordes até dezembro.
Paládio: menos brilhante que o ouro, porém mais uniforme
A história mais brilhante nos metais preciosos neste ano tem sido a do ouro. Em conjunto com as máximas recordes em Wall Street e a volatilidade dos preços do petróleo, o ouro tem ocupado as manchetes nas últimas duas semanas.
O ativo de segurança favorito entre os investidores iniciou o ano em ritmo estável em relação à valorização de 18% em 2019, antes de disparar para perto das máximas de 7 anos, acima de US$ 1.600 por onça, por causa do conflito entre EUA e Irã. Apesar disso, o ouro se valorizou até agora cerca de 1%, recuando das máximas após o arrefecimento das tensões no Oriente Médio.
O paládio, enquanto isso, apresentou uma corrida mais estável, mantendo-se à frente não só dos seus pares entre os metais preciosos, mas também do resto do complexo de matérias-primas.
Como ingrediente usado em motores à gasolina para gerar emissões mais limpas e melhorar o desempenho, o paládio ganhou força novamente nas últimas duas semanas, graças à restrição de oferta na África do Sul e na Rússia, principais países produtores.
Mais mineradoras querem explorar o paládio
“A maior parte da produção mundial do paládio está concentrada em uma única empresa, a Norilsk Nickel, da Rússia, que foi responsável por 41% da oferta global em 2017. Outras mineradoras buscam desenvolver novos projetos para desafiar esse monopólio”, declarou JP Casey, analista do blog Mining Technology.
O forte rali do paládio nos últimos dois anos incentivou diversos players novos a entrar no mercado mundial do metal, com mineradoras de todos os tamanhos repentinamente interessadas em extraí-lo, declarou Casey.
“No entanto, a bolha pode estar prestes a estourar, já que a indústria automotiva, principal responsável pelo crescimento da demanda do paládio, pode estar esfriando, além do fato de que a oferta já começa a atender a demanda”, declarou Casey.
“Com novas minas de paládio obtendo licenças ou já em operação, o futuro do paládio como forte investimento permanece uma incógnita”, concluiu.
Recomendações de “Forte Compra” para o paládio
Na segunda-feira, o paládio spot encerrou o pregão a US$ 2.130 por onça, uma alta de US$ 188, ou 9,7% no ano. Ele havia atingido a máxima recorde acima de US$ 2.148 no início do dia.
A Perspectiva Técnica Diária do Investing.com recomenda “Compra” no paládio spot. Além de máxima recorde de segunda-feira ter ultrapassado a resistência de US$ 2.138 projetada pelo Investing.com para o paládio spot, um fechamento nesse nível ainda pode representar um ganho maior de US$ 50 ou 2,8%.
Em 2019, o paládio spot se valorizou 48%. Os futuros do paládio fecharam o pregão de ontem nos EUA a US$ 2.079,10, uma alta de US$ 167, ou 8,7% em relação ao fechamento do ano passado. Eles atingiram a máxima histórica perto de US$ 2.113 em 9 de janeiro.
A Perspectiva Técnica Diária do Investing.com também recomenda “Compra” nos futuros do paládio. A resistência prevista é de US$ 2.085 para o paládio spot, um modesto ganho de US$ 6, ou 0,3%, acima do fechamento de segunda-feira.
Os futuros do paládio encerraram o ano de 2019 com uma valorização de 55%. A disparada na demanda do metal fez com que mineradoras de todos os tipos passassem a explorá-lo. A mineradora canadense Ivanhoe concluiu um estudo de viabilidade em sua mina em Platreef, África do Sul, onde detém participação de 64% e cujo objetivo é produzir 219.000 onças de platina por ano, de acordo com o Mining Technology.
O blog relata ainda que a mina de Lac Des Illes, no Canadá, retomou sua produção em 2010, após um hiato de dois anos. A North American Palladium, proprietária da mina, planeja continuar as operações subterrâneas até 2027 e produzirá 2,32 milhões de onças do metal nos próximos oito anos.
Analistas alertam para a desaceleração na demanda automotiva
Embora a restrição de oferta do paládio possa dar um suporte adicional aos preços, as fabricantes de automóveis também podem buscar alternativas, segundo analistas do Bank of America Merrill Lynch. Eles alertam que as montadoras podem enfrentar dificuldades para encontrar mais paládio nos próximos anos, já que a oferta mundial deve permanecer estável em cerca de 10,2 milhões de onças por ano.
“As fabricantes de automóveis estão começando a buscar substitutos. Provavelmente levarão mais 12 a 18 meses”, afirmou Michael Widmer, analista do Bank of America, ao Financial Times. “Você pode ter o paládio em carteira, mas terá que pagar caro por ele.” O analista complementou:
“Quanto mais rápido houver sua substituição, mais rápido o rali chegará ao fim.”
Os analistas afirmam que a melhor alternativa ao paládio seria a platina, que é negociada com um desconto de mais de US$ 1.000 por onça.
Ambos são basicamente catalisadores automotivos e purificadores de emissões. A única diferença é que a platina é usada em motores a diesel, enquanto o paládio funciona melhor em carros movidos a gasolina.
Mas, embora já existissem rumores de que a platina poderia substituir o paládio, as fabricantes automotivas afirmam que todo o processo de engenharia e emissões teria que ser remodelado para tanto. Isso pode exigir tempo e despesas que não seriam benéficas, em comparação com o custo relativamente alto do paládio em um carro.