Outubro marcou o terceiro mês consecutivo de queda para o IFIX, que fechou o período na menor pontuação no fechamento mensal desde maio de 2020 – apenas como constatação estatística, o IFIX nunca em sua série histórica apresentou desvalorização por 4 meses consecutivos. O Ibovespa, por sua vez, desvalorizou -6,74% no mês, maior queda mensal desde março do ano passado, e esse foi o 4º mês seguido de queda do principal índice de ações da B3 (SA:B3SA3). Ainda como reflexo da alta dos juros futuros, aumento das expectativas de inflação e do descontrole fiscal e aversão ao risco dos mercados locais, o dólar se valorizou 3,74% contra o real e o IMA-B 5+ desvalorizou -1,24%.
Nos mercados internacionais, os dados divulgados pelas principais economias do mundo ao longo do mês foram ambíguos. A China apresentou sinais de desaceleração mais acentuada, principalmente pela expectativa da atividade industrial, o que fez com que as commodities metálicas, de forma geral, tivessem uma queda de preços expressiva ao longo do mês. Porém, os dados de exportações surpreenderam positivamente, com o crescimento de 28,1% no comparativo anual. Nos Estados Unidos, a inflação continua surpreendendo para cima, com o índice CPI (similar ao IPCA) acumulando alta de 5,4% nos últimos 12 meses em setembro. Com isso, os membros do FOMC (similar ao COPOM) deram sinais que podem iniciar o processo de redução gradual dos estímulos monetários à economia, o que tranquilizou os mercados, fazendo com que os índices de ações batessem novos recordes históricos.
Por aqui, as notícias foram em sua maioria negativas ao longo do mês. O IPCA de setembro apresentou alta de 1,16%, maior alta para um mês de setembro desde 1994. No acumulado, o índice oficial de inflação apresenta alta de 6,90% no ano e 10,25% em 12 meses, bem acima da meta estipulada para o Banco Central. Com isso, a inflação parece ter alcançado seu pico, já que as expectativas para a inflação de 2022 ainda permanecem na casa de 4,00%. Porém, ao longo do mês, o governo confirmou que mudaria as regras do teto dos gastos para viabilizar o financiamento do novo programa social do Governo Federal, deixando os analistas de mercado desconfiados que mais surpresas negativas, sob a ótica fiscal, podem acontecer para o ano que vem, já que é um ano eleitoral. Desconfiança, essa é a palavra-chave, e faz com que investidores deixem de lado os fundamentos, já que os dados fiscais do ano de 2021 são surpreendentemente positivos. Além disso, empresas e imóveis estão em um ciclo positivo de resultados, sinalizando forte recuperação frente aos danos causados pela pandemia do Covid-19 aos balanços e ao investimento em certos tipos de imóveis, como shoppings e lajes corporativas.
Independentemente do mérito do novo programa social, a forma como ele foi comunicado com certeza não passou perto de ser a ideal. Além disso, até esse momento, o governo e os parlamentares pró-governo não conseguiram sinalizar, de forma clara, qual é o limite para essa “alteração” do teto. Com esse cenário nebuloso, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (COPOM), decidiu por elevar a SELIC em +1,50%, para 7,75% ao ano, e já sinalizou nova alta de mesma magnitude para a última reunião de 2021. Com isso, os analistas de mercado revisaram para baixo as projeções de crescimento da economia para o ano que vem, o que pode ajudar a ancorar novamente as expectativas de inflação, os juros futuros e os ativos de renda variável de maneira geral, desde que novas surpresas negativas e criativas deixem de aparecer.