O verdadeiro ajuste fiscal
Jornalistas passam recado de que o ministro Levy finalmente deu aval.
Vamos mudar a meta de superávit primário do Governo Central.
Estava duro de digerir, pois o ajuste é quase pela metade: de 1,1% para 0,6% do PIB.
Não se deixe enganar, porém: Levy continua sendo aquele mesmo senhor disciplinado.
Só deu aval nesse caso pois não compra mentiras.
Verdade verdadeira
Na falta de um milagre para salvar a pátria, a melhor decisão é simplesmente falar a verdade.
Nós falamos a verdade, e as agências de rating respondem com a verdade também.
Confirmado um superávit simbólico em 2015, damos como certo o corte do rating atual, provavelmente acompanhado da perspectiva negativa que ameaça o grau de investimento.
Por mais óbvio que pareça para mim ou para você (assim como era óbvio o 0,6% do PIB), esse risco ainda não está incorporado no preço do dólar contra o real.
Compremos mais dólares a R$ 3,10.
Sinergias em dólares
Wesley Batista, da JBS, é um sujeito que gosta de faturar em dólares, euros ou libras esterlinas.
E nisso, pelo menos, estamos de acordo.
Mas não concordamos com tudo na vida.
Suas contas preveem US$ 50 milhões de sinergias a partir da aquisição da Moy Park.
Todo anúncio de fusão & aquisição se gaba de sinergias milionárias, mas nunca há anúncios posteriores explicando como aquelas sinergias jamais foram alcançadas…
Não vejo, no momento, grandes sinergias em JBS, exceto as já bem estabelecidas junto ao BNDES.
Corte na carne
Você é fã de dividendos caindo na conta?
Eu sou sim.
Por isso fico alerta com pesquisa feita pela Bloomberg, identificando 17 empresas do Ibovespa com planos de cortar proventos em 2015 - incluindo marcas famosas como Hering (SA:HGTX3) e Vale.
É uma consequência automática do Fim do Brasil e da queda dos lucros corporativos.
Mas isso não completa a história.
Do lado de fora do Ibovespa, o investidor astuto encontra empresas em situação bem diferente, que estão inclusive aumentando a distribuição de dividendos.
Conheço esses casos de nossa série de Vacas Leiteiras.
Devo, não nego
Se há empresas lucrando menos, há também famílias devendo mais.
Dados fresquinhos do Banco Central mostram aumento da inadimplência em maio, tanto para pessoas jurídicas quanto para pessoas físicas.
Por mais que os técnicos dos bancos se esforcem para passar uma imagem de “repique pontual” nos calotes, ninguém sabe exatamente o que esperar.
Faz muito tempo que não temos uma deterioração tão rápida e intensa do mercado de trabalho, casada com inflação de 8% ao ano.
Alguém aí precisa falar a verdade: não há como prever o futuro da inadimplência.