- As empresas de petróleo e gás estão tomando iniciativas para descarbonizar suas operações em todos os segmentos.
- Entre as estratégias está a adoção de energia renovável, a captura e o armazenamento de carbono, a detecção de vazamento de metano e a utilização de hidrogênio no refino.
- Os investidores que estão de olho no setor de petróleo e gás não devem deixar de considerar o uso dessas novas tecnologias.
A demanda por petróleo e gás natural não vai desaparecer tão cedo. O Goldman Sachs (NYSE:GS) prevê que o consumo mundial de petróleo terá como destaque a Índia e a China e atingirá um novo recorde no terceiro trimestre de 2023, ao mesmo tempo em que a Agência Internacional de Energia (AIE) projeta um aumento de 2,4 milhões de barris por dia (mbpd) na demanda global do produto este ano.
Mesmo que haja um grande impulso na geração de energia renovável, nosso sistema ainda vai precisar de petróleo e gás para transporte, geração de eletricidade, petroquímicos e calefação por muitos anos.
As empresas do setor estão plenamente conscientes dessa realidade e muitas estão tomando medidas para descarbonizar os segmentos de exploração, transporte e distribuição da indústria.
Embora tais iniciativas não sejam novidade, os investidores devem prestar atenção à forma como as petrolíferas procuram melhorar a eficiência energética e reduzir sua própria demanda por combustíveis fósseis, o que pode afetar diretamente a quantidade de petróleo ofertado no mercado.
Além disso, é importante que os investidores acompanhem de perto como as companhias do setor estão investindo em projetos e tecnologias de descarbonização, na medida em que essas decisões podem influenciar o preço das suas ações.
Exemplo disso é a captura e o armazenamento de carbono (CAC), que rapidamente emergiu como um dos métodos mais populares de descarbonização da indústria de energia.
Projetos e inovações de CAC estão atraindo investimentos e apoio sem precedentes das principais empresas de petróleo e gás. Recentemente, a Occidental Petroleum (NYSE:OXY) anunciou planos de investir de US$ 800 milhões a US$ 1 bilhão em uma planta de captura de carbono para remover dióxido de carbono da atmosfera.
Apesar da popularidade atual da CAC, existem muitas outras tecnologias e práticas inovadoras sendo implementadas em várias etapas da produção de petróleo e gás, que podem aumentar a eficiência, reduzir emissões e facilitar a descarbonização dentro da indústria.
Apresentamos a seguir os métodos mais promissores, muitos dos quais serão destacados durante a ADIPEC 2023, maior conferência mundial de energia que reúne os principais executivos do setor e formuladores de políticas públicas.
Detecção de vazamento de metano
De acordo com a AIE, a indústria de petróleo e gás emite cerca de 70 milhões de toneladas de metano (um pouco mais de 5% das emissões globais de gases de efeito estufa relacionadas à energia). Reduzir as emissões não intencionais de metano, como vazamentos, é fundamental para a descarbonização da indústria.
É crucial detectar e reparar pequenos vazamentos de metano em instalações de exploração antes que se tornem vazamentos maiores. Métodos antigos de detecção de metano, como a Imagem Óptica de Gases (IOG), são confiáveis apenas na detecção de grandes vazamentos.
No entanto, novas tecnologias, como o sistema Gas Mapping LiDAR™, da Bridger Photonics, ou os sistemas de laser de longo alcance da Longpath Technology, podem fornecer informações detalhadas sobre exatamente onde pequenas quantidades de metano estão vazando - para que possam ser remediadas. O desenvolvimento e a implantação de sistemas de detecção de metano mais sensíveis ajudarão a reduzir as emissões da produção de petróleo e gás.
Energias renováveis nas operações de campos petrolíferos
Os operadores dos campos petrolíferos normalmente utilizam diesel e turbinas a gás para fornecimento de energia. No entanto, em muitos casos, o uso de energias renováveis pode ser mais eficiente para suprir a demanda energética da produção petrolífera.
Por exemplo, na década de 1970, a Exxon Mobil (NYSE:XOM) foi pioneira na utilização de painéis solares para fornecer energia a poços petrolíferos remotos na Arábia Saudita. Hoje em dia, o vapor gerado através da captação de energia solar está sendo utilizado na recuperação avançada de petróleo pesado em Omã. A empresa petrolífera da Noruega, Equinor (NYSE:EQNR), está liderando uma parceria multissetorial, em conjunto com a indústria de energia eólica offshore, a fim de desenvolver uma fazenda flutuante, com o objetivo de fornecer energia a dois campos petrolíferos em alto-mar.
Novas parcerias e colaborações entre a indústria petrolífera e as indústrias de energia eólica, solar, hidroelétrica e nuclear podem contribuir para reduzir a intensidade de carbono da produção de petróleo e apresentar novas oportunidades de investimento.
Uso de hidrogênio no refino
As atividades de refino e comercialização de petróleo e gás representaram 20% das emissões totais de metano provenientes de combustíveis fósseis em 2020. Há um espaço significativo para descarbonização e uma parceria inovadora entre a indústria emergente de hidrogênio pode ser benéfica nesse sentido.
A queima de hidrogênio pode substituir combustíveis fósseis na combustão estacionária, que requer temperaturas muito altas e representa 63% das emissões de refinarias.
O processo pode atingir as mesmas temperaturas elevadas que a queima de combustíveis fósseis, mas emite vapor d’água em vez de dióxido de carbono. As refinarias estão bem posicionadas, de maneira geral, para a queima de hidrogênio, na medida em que diversos complexos de refino já produzem hidrogênio para outras aplicações químicas. Eles podem evitar vários dos problemas que dificultam a transição para o combustível de hidrogênio por parte de outras indústrias.
Ao estudar o setor petrolífero, os investidores não devem ignorar as novas tecnologias e os caminhos para a descarbonização.
A captura e o armazenamento de carbono podem estar na moda, mas estão longe de ser o único método de descarbonização disponível. Outros métodos e tecnologias, como os detalhados acima, entre outros, podem ser mais eficazes e eficientes para implantação.
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Aviso: A autora não tem qualquer conexão com as empresas ou ativos mencionados neste artigo.