A depreciação do real tem sido um tema central na economia brasileira nas últimas semanas, com efeitos diretos no custo de vida, no comércio exterior e na confiança dos investidores.
A depreciação do real ocorre quando a moeda brasileira perde valor em relação a outras moedas, principalmente frente ao dólar americano ou ao euro. Em países com um regime de câmbio flutuante, adotado pelo Brasil desde 1999, o valor da moeda é determinado pela oferta e demanda no mercado internacional. Portanto, quando há mais venda do que compra de reais, sua cotação cai, levando à depreciação. Essa oferta/demanda pode ser influenciada por fatores como políticas monetárias, inflação elevada, crises econômicas e instabilidade política e etc.
A depreciação do real está diretamente ligada à inflação e ao valor do dólar. Quando o real perde valor, os produtos importados ficam mais caros, pois são necessários mais reais para comprar a mesma quantidade de dólares. Isso afeta itens como, eletrônicos, medicamentos, óleos e combustíveis de petróleo e fertilizando pressionando a inflação em toda a cadeia produtiva.
Por outro lado, a depreciação do real pode beneficiar setores exportadores, pois os produtos brasileiros ficam mais baratos no exterior, beneficiando principalmente nosso agronegócio. No entanto, com o aumento dos custos de produção esse benefício pode ser severamente suprimido.
Causa da depreciação do real e seus impactos
Os principais fatores que contribuem para a depreciação do real são:
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Inflação Alta: Quando a inflação no Brasil é maior do que em outros países, o poder de compra do real diminui, tornando a moeda menos atraente.
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Instabilidade Política e Econômica: Crises políticas, como impeachment ou escândalos de corrupção, e incertezas sobre políticas econômicas e fiscais afastam investidores estrangeiros criando uma fuga de dólares do país.
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Déficits Fiscais e Dívida Pública: Quando o governo gasta mais do que arrecada e acumula dívidas, os investidores perdem confiança, pressionando o real para baixo.
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Taxas de Juros: A flutuação da taxa de juros pode impactar para a depreciação do real. Quando nossos juros caem a níveis inferiores a países com o mesmo grau de risco, investidores podem preferir investidor onde está mais atrativo, retirando dólar novamente da nossa economia.
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Crises Globais: Eventos como a pandemia de COVID-19 ou guerras comerciais podem levar à fuga de capitais para moedas consideradas mais seguras, como o dólar
Quando observamos uma depreciação do real, temos alguns impactos diretos e indiretos na nossa economia. Esses impactos ocorrem tanto na cadeia de produção como na ponta final do consumidor.
O aumento de preços de produtos é um dos principais efeitos sentidos na população, tendo em vista o aumento do custo de importação para cadeia produtiva e, consequentemente, a redução do nosso poder de compra com a desvalorização da nossa moeda.
Além disso, as empresas que dependem de importação ou possuem dívidas em dólares enfrentam custos maiores em seu processo de produção, repassando esses custos ao clientes finais, por outro lado, empresas exportadoras podem se beneficiar dessa desvalorização e majorar suas margens.
E por fim, a fuga de capital, quando investidores diante de um cenário incerto preferem investir em países com melhor prémio de risco. No Brasil o investidor estrangeiro representa 55% e em 2024 teve uma saída líquida de recursos estrangeiros da B3 (BVMF:B3SA3) de R$ 24,2 bilhões.
Como se proteger da depreciação
Ainda que a depreciação do real seja um evento que envolva vários fatores diferentes, adotar algumas estratégias podem mitigar esse efeito e manter um bom desempenho da carteira.
A diversificação de ativos é uma das principais estratégias, investir em ETFs, ouro ou fundos com ativos internacionais ajuda a manter a carteira aderente aos movimentos macroeconômicos.
Ainda, investimentos em IPCA+ e dólar garantem que a carteira acompanhe essas flutuações da nossa moeda e equilíbrio da carteira.