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Depois do Hype, Qual o Futuro das Criptomoedas em 2018?

Publicado 03.01.2018, 13:09
Atualizado 02.09.2020, 03:05
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Em alguns anos, quando olharmos para trás, o ano de 2017 sem dúvida será um marco para o criptomercado. Ainda não é possível afirmar, porém, como ele será visto. Foi o ano em que a bolha cresceu e não estourou ou o grande ano de consolidação de uma tecnologia revolucionária? Será que vivemos o momento semelhante ao hype das empresas ponto com ou ao da disseminação da internet?

Alguns pontos importantes podemos tirar do criptomercado após esse 2017 enlouquecedor com volatilidade e valorizações tão intensas que fez com que as moedas digitais deixassem os fóruns especializados da internet e chegasse aos principais jornais, telejornais e revistas.

O bitcoin manteve sua dominância como a principal moeda digital e seguiu ditando as tendências de alta e baixa no criptomercado, apesar de sua valorização não ter sido a mais impressionante em 2017. Escrevemos sobre isso no final do ano, confira aqui alguns dos ralis que deixaram sem graça disparada de mais de 1300% do bitcoin.

Os traders, reguladores, bolsas e casas de investimentos tradicionais passaram – ou foram forçadas – a olhar para o criptomercado com maior atenção. O interesse (e a falta de conhecimento) do público investidor foi tão grande, que poucos foram aqueles que não se posicionaram em relação às moedas digitais.

Enquanto os pequenos investidores viram na volatilidade do criptomercado uma chance única de multiplicar seu capital, os órgãos reguladores mostraram que dificilmente as moedas digitais seguirão anárquicas e sem nenhum tipo de controle.

A China reafirmou sua posição intervencionista e em uma ação pouco antecipada determinou a ilegalidade dos ICOs e de certas operações de criptomoedas em seu território, determinando, inclusive, a devolução dos valores obtidos por essa forma de captação. No final do ano, a Coreia do Sul propôs uma regulação para limitar a atuação das exchanges e impedir a venda anônima de criptomoedas, provocando nova onda de baixa no mercado digital.

Apesar de o criptomercado seguir legalizado como meio de pagamento na maioria dos países, o hype, a disparada de volume e a grande volatilidade passou a preocupar os órgãos reguladores de olho, que publicaram diversos alertas em relação ao grande risco para os pequenos investidores e a falta de controle que permite operações ilegais no mercado financeiro como insider trading.

O mês de dezembro também trouxe uma nova dinâmica para o criptomercado com a introdução de futuros do bitcoin nas gigantes CBOE e CME. Os contratos chegaram em meio a um sentimento misto dos investidores se a alternativa atrairia novos recursos institucionais para o criptomercado ou se as apostas short derrubariam a cotação.

Depois de encostar no topo histórico acima de US$ 19 mil com a chegada dos futuros, o bitcoin perdeu força nas últimas semanas do ano e, após uma de suas intensas realizações, ainda não ganhou força para testar novas altas.

Enquanto o bitcoin segue como a principal moeda digital, outras blockchains atraíram a atenção dos investidores com suas parcerias e possíveis aplicações no mercado tradicional. A iota disparou com a notícia de parceria com gigantes de tecnologia como Microsoft, que, depois, acabou não se confirmando como algo concreto. O ripple avançou com sua estratégia de atrair bancos para utilizar sua tecnologia e foi a única criptomoeda de maior porte a se valorizar nas últimas semanas do ano.

As apostas e as dúvidas sobre o criptomercado nesse ano se inicia são muitas, mas podemos extrair algumas certezas. As moedas digitais seguirão atraindo grande interesse do mercado – e dos reguladores.

Sim, teremos novos forks.

Apesar de toda a agitação do mercado nos dias antes de grandes hard forks como a criação do bitcoin cash e a divisão abortada para a implantação do SegWit2x, os investidores deverão se acostumar com os novos upgrades, essenciais para o desenvolvimento do criptomercado.

As diferentes tecnologias por trás das criptomoedas passam a ser mais conhecidas pelos traders, que poderão apostar na valorização de algumas delas, especialmente na adoção por empresas tradicionais, o que impulsionaria a demanda.

Como última certeza, o bitcoin segue dominante no horizonte possível.

Para tentar entender qual a expectativa em relação a 2018, convidamos analistas parceiros do Investing.com Brasil para falar sobre suas visões sobre o criptomercado.

Boa leitura e bons investimentos!

Roy Michaeli, coordenador de criptomoedas e dados financeiros do Investing.com

Depois de anos de ceticismo, as criptomoedas estão tendo a atenção dos jovens e dos que estão entrando no mercado, com os grandes retornos em curto espaço de tempo. Não sei se o bitcoin será um dos principais ganhadores de 2018. Diversas outras moedas têm estratégicas e tecnologias únicas como a iota, EOS, ripple e o litecoin. Algumas estão chamando a atenção como cardano e tron, que podem roubar o foco.

Definitivamente existe um ‘buzz’ no bitcoin as demais criptomoedas. Muitas pessoas concordam que a tecnologia de blockchain é muito interessante e pode ser adotada em diversas indústrias. Normalmente as bolhas que derrubam um mercado não são as que estão sendo apontadas, mas sim aquelas que ninguém vê.

Existem algumas tecnologias melhores [que o bitcoin adota] que cortam o tempo das transações e existem pessoas brilhantes tentando resolver problemas na tecnologia do bitcoin. Na minha opinião, [os custos de] comissões são uma questão separada e se você olhar a história do mercado financeiro, elas tendem a cair com o passar do tempo. Dito isso, as volatilidades das comissões hoje são negligenciáveis.

As discussões são provavelmente boas para a popularidade [do criptomercado], mas estão fazendo com que as pessoas pensem mais antes de investir. O regulador já está presente de diversas formas, mesmo que não seja no papel de um banco central. Na minha visão, algumas coisas precisam de mais supervisão do que outras e espero que os reguladores sejam inteligentes em como abordar esses assuntos para proteger os investidores. Acho que vai ser melhor ter mais transparência dos que atuam no criptomercado, especialmente, em novos ICOs.

Vinicius Bazan, especialista em moedas digitais da Empiricus

Já não há mais dúvidas de que as criptomoedas foram o principal destaque do mercado financeiro em 2017. Foi um ano e tanto para esse mercado nascente e promissor.

2017 também foi um ano de novidades e reviravoltas. De um lado, vimos o boom dos ICOs – as ofertas iniciais de tokens – como forma de captação de recursos para o financiamento de projetos. De outro, também assistimos à sua proibição na China e ao fechamento das operações das principais exchanges chinesas.

Sempre recebo muitos questionamentos sobre a grande onda de valorização já ter passado. Na minha opinião, ela apenas começou.

Precisamos nos lembrar de que as criptomoedas e os criptoativos são projetos de software em sua essência, e que estão começando a se desenvolver. Ainda há muito potencial a ser capturado pelo avanço desses projetos e pela adoção em larga escala na economia global.

Se fizermos um paralelo com o nascimento da internet, ainda estamos em 1994. Muito já foi feito, mas muito mais ainda está por vir. Hoje a valorização das criptomoedas se deve muito à expectativa de como elas podem ser usadas no futuro. Mas e quando, de fato, estivermos usando bitcoin para pagar nossas compras no supermercado, quanto ele pode valer? Não seria absurdo pensar em bitcoin a US$ 100 mil ou mais.

Por isso, 2018 tende a ser um ano de consolidação de grandes moedas, além de um maior desenvolvimento de aplicações que melhorem a usabilidade para investidores – hoje ainda é muito penoso comprar e armazenar criptomoedas – e de instrumentos financeiros que permitam a entrada de mais investidores nesse mercado.

Esperamos ver um avanço da questão regulatória, com mais países entendendo o real valor das criptomoedas e incluindo-as em suas legislações. Isso também abre espaço para mais plataformas de negociação serem criadas e um fluxo maior de capital entrar para esse mercado.

Em resumo, portanto, esperamos ver uma maior consolidação do criptomercado rumo ao mainstream, fortalecimento do bitcoin e outras moedas mais avançadas e o surgimento de novos projetos que envolvam a tecnologia do blockchain, dentro e fora do mercado financeiro.

João Paulo, sócio da FoxBit e especialista em criptomoedas

Ainda no meio da euforia ocorrida no segundo semestre de 2017, surge a pergunta: O que esperar para 2018 no universo das criptomoedas? Segue algumas das minhas previsões:

1) Mais instituições operando com criptomoedas no Brasil e no mundo Todos os bancos e corretoras do país já discutem sobre o assunto. A dúvida é: Qual instituição financeira vai ser a primeira a operar criptomoedas no Brasil? Certamente, com mais instituições poderemos esperar uma melhora na qualidade do serviço, visto que as poucas corretoras de criptomoedas moedas do Brasil não estavam preparadas para demanda. Como serão as plataformas de negociação de criptomoedas apresentados pelos players já consolidados no mercado?

2) Ainda mais aumento no market cap das criptomoedas. O Valor de mercado de criptomoedas deve passar 1 trilhão de dólares em 2018. Possivelmente, o bitcoin vai continuar subindo mais outros projetos devem ter cada vez mais relevância e visibilidade. O percentual do marketcap do bitcoin em relação a outros ativos digitais deve cair ainda mais. No começo do ano, o Bitcoin correspondia a 87% de todas as criptomoedas. Em dezembro, a capitalização de mercado do bitcoin, correspondia a menos de 50%. Podemos esperar uma diminuição ainda maior.

3) Popularização de aplicações em blockchain/Smartcontracts a. Muitos ICOS que ocorreram em 2017, tinham o objetivo de desenvolver aplicativos descentralizados em blockchain. Muito dinheiro foi levantado, mas pouca coisa concreta foi entregue em mercado. Uma das poucas aplicações de sucesso foi o jogo no Ethereum chamado Criptokities, que sobrecarregou a rede do ethereum, criando o conceito de criptocolletables, itens digitais colecionavéis em blockchain. Muita coisa interessante está sendo prometida, como o Descentraland, uma espécie de second life, desenvolvido em ethereum.

4) Mais ICOS, Mais SCAMs

a. O crescimento do mercado cada vez mais se aproxima de uma bolha, visto que alguns ICOS foram superprecificados pelo mercado durante o lançamento. Além disso, não foram poucos o SCAMS(golpes) que ocorreram no mercado. No Brasil, o de maior repercussão foi o KRIPTACOIN, que foi fechado pela Polícia Civil de Brasília.

5) Amadurecimento das regulações e compliance ao redor do mundo. Regulação e prevenção a lavagem de dinheiro foi um assunto que ganhou bastante força em 2017. No Brasil, uma série de audiências públicas discutiu sobre criptomoedas, no fim o relator da audiência, sugeriu a proibição de bitcoin. Esse relatório vai ser votado pela Câmara até fevereiro. Mas não se assuste! Muitos deputados consideram esse relatório com poucas chances de ser aprovado. No mundo, vimos movimentos de reconhecimento do bitcoin muito positivos, como a regulação no Japão e em Dubai. O deputado Aureo relator do projeto de Lei 2303/15 defende um modelo parecido a esses países no Brasil.

Paulo Ramirez, analista técnico da Bastter.com

Podemos notar o boom do bitcoin e de novas criptomoedas (como o litecoin e iota) e já vemos a presença do bitcoin sendo negociado na bolsa de Chicago

Um grande problema que vejo para o bitcoin que é uma grande incógnita é o limite de prospecção de 21 milhões de BITCOINS, isso exigiria alterações nos protocolos e não sei como o mercado iria 'aceitar" uma mudança de regra no meio do jogo.

Vejo com grande simpatia a criptomoeda iota, que tem grandes grupos subsidiando, uso de tecnologia mais leve (Tangle) ao invés do blockchain, taxas de operação menores e risco menor de forks (portanto maior segurança nas transações). Por uma série de vantagens tecnológicas vejo a iota como uma séria candidata a tomar o lugar do bitcoin.

Jason Vieira, economista-Chefe na Infinity Asset Management

Não vejo as cripto como moedas, existe uma zona cinzenta ainda enorme quanto ao potencial de uso destes instrumentos e como isso impactará no futuro. A movimentação digital de recursos já é uma realidade global enraizada, basta lembrarmos da última vez que tivemos dinheiro vivo nas mãos. Todavia, a ausência de referenciais críveis, lastro, regulações nas criptos não dá segurança ainda para recomendar para ninguém como um investimento, mais como uma aposta.

Pode ser que as criptos se tornem a "moeda" do futuro, ao ponto de revermos as teorias econômicas, principalmente em relação ao valor das moedas, inflação e juros, porém acredito que estamos ainda longe da conclusão do processo com segurança

André Momberger, sócio e assessor de investimentos da Focalise

[As criptomoedas] são uma grande incógnita, temos muito o que aprender, mas sem dúvida nenhuma podem continuar repetindo o protagonismo visualizado em 2017.

Se resolver apostar, vá com calma. Não pense em resolver a vida financeira ou que irá ficar rico do dia para noite. Esse é o pensamento mágico que costuma provocar tragédias financeiras recorrentes.

Vá com calma e com uma pequena parcela do portfólio. Aquela que dá para perder se der errado. E se der certo, ajudou a rentabilizar a carteira como um todo.

Julio Hegedus Netto, economista-chefe da Lopes Filho & Associados

[As criptomoedas] trazem muitas incertezas e especulação. Podem formar bolhas. Não recomendo. Falta lastro, regulação.

Shin Lai, estrategista de investimento em ações da Upside Investor

As criptomoedas devem ganhar mais espaço em 2018 e é provável que surjam avanços também em termos de legislação. Apesar de crer que as moedas digitais possam se mostrar muito úteis ao longo do tempo para fins transacionais, não vemos as criptomoedas entrando nos nossos investimentos por enquanto nem recomendamos aos nossos clientes.

Primeiro porque não é propriamente um investimento. Não é pela falta de lastro (como alguns tem dito), mas sim por não ter relação com nenhuma atividade produtiva. Sua valorização depende da demanda e aceitação por ela, portanto, fatores como aparecimento de moedas substitutas, ou menor aceitação, dentre outros, podem facilmente despencar o preço do bitcoin.

Por fim, a expectativa é de aquecimento desse mercado, visto que é fato que muitas pessoas estão ganhando dinheiro com a valorização de moedas digitais.

Allex Ferreira, investidor e editor do Barão do Bitcoin

Em 2018, o preço dos cripto-ativos continuará subindo devido ao crescente número de pessoas que se interessará e seguirá comprando. Além disso, a chegada dos contratos futuros de Bitcoin atrairá outros investidores e especuladores.

Não existe bolha no bitcoin. Bitcoin não é produto, não é empresa, não é planta, não é casa. É tecnologia. As pessoas dizem que bitcoin não tem lastro e não é tangível, mas arte não é tangível e tem preço. Ideia não é tangível e tem preço. O valor do bitcoin é derivado da rede de milhares de usuários e dezenas, talvez centenas, de desenvolvedores que trabalham para aprimorar a tecnologia. Por isso, eu não compro a ideia de que bitcoin perderá dominância, pois nenhuma rede tem a quantidade de desenvolvedores que o bitcoin possui.

Até hoje não vi nada que me convença do contrário. O que tem hoje é especulação. Se tirar as altcoins das exchanges elas somem. O bitcoin não. Ele persiste por causa da rede de desenvolvedores.

Mas temos alguns questionamentos para o próximo ano. Temos que ter evolução no protocolo, pois tem muita gente comprando e pouca gente usando no dia a dia. Por um lado, isso é bom, pois o preço sobe, mas tem gente que quer usar o bitcoin. Hoje, o bitcoin é caro para fazer transferência e perde a possibilidade de fazer compras menores. Existem soluções como o SegWit (não confundir com SegWit2x) que reduzem o custo de transações, mas pouquíssimas corretoras e carteiras já implementaram essa atualização. É preciso pressionar as corretoras para que elas adotem essa tecnologia.

Em relação à regulamentação, é complicado, mas os governos têm que regular e proteger o pequeno investidor, senão vira festa. A punição sobre, por exemplo, insider trading precisa existir e deve ser severa. Quem está no mercado tem uma posição de vantagem muito grande e hoje o que existe é muita especulação. Não existe investimento em tecnologia bitcoin. O que existe é especulação no ativo bitcoin.

E, não. Não é uma pirâmide. O bitcoin é um bicho novo que tem características de moeda e commodity. Podemos considerá-lo uma nova classe de ativos, ou seja, um cripto-ativo, um ativo digital.

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