A plataforma interativa de fitness Peloton (NASDAQ:PTON) tornou-se uma vítima do seu próprio sucesso.
As ações dessa empresa de Nova York, conhecida por suas bicicletas ergométricas e aulas de exercícios a distância, afundaram cerca de 35% na sexta-feira, depois que a companhia apresentou resultados decepcionantes na quinta-feira e disse, em sua teleconferência com analistas, que sua receita e margem estavam caindo, uma vez que os consumidores estavam cortando gastos com os equipamentos da PTON para exercício em casa, os quais fizeram muito sucesso durante a pandemia.
A Peloton disse agora que espera vendas entre US$4,4 e 4,8 bilhões no ano fiscal de 2022, que se encerra em junho, bem abaixo da previsão de vendas feita pela empresa há apenas três meses, de US$5,4 bilhões. Em carta aos acionistas, o CEO da empresa, John Foley, disse o seguinte:
“Já prevíamos que o ano fiscal de 2022 seria bastante desafiador para antecipar projeções, devido à incomum base de comparação, a incerteza com a demanda após a reabertura econômica, as restrições na cadeia de fornecimento e as pressões de custos das commodities”.
Os papéis da Peloton fecharam o pregão de sexta-feira cotados a US$55,64, após sofrer sua maior queda intradiária da história. No ano, as ações acumulam queda de mais de 60%, após terem disparado mais de 500% em 2020. Em razão desse enorme ajuste, pode parecer tentador aproveitar esse belo desconto para comprar alguns papéis dessa empresa que até pouco tempo atrás estava voando alto.
Acontece que o atual período de baixa da Peloton, em nossa visão, reflete tanto fatores de curto quanto de longo prazo que não devem ser ignorados por quem busca pechinchas.
No curto prazo, a PTON pode continuar sofrendo para gerar demanda por seus produtos e serviços fitness, uma reversão que era esperada assim que as pessoas voltassem às suas rotinas normais pré-Covid.
No longo prazo, é difícil prever como a empresa evoluirá em um mercado que está se tornando saturado com serviços fitness virtuais. Uma questão importante: a Peloton é apenas uma história da Covid? Assim que a pandemia for definitivamente vencida, será que a PTON manterá sua força com as pessoas voltando para as academias?
Volta ao normal
As primeiras evidências sugerem que as pessoas estão voltando a frequentar academias. As ações da Planet Fitness (NYSE:PLNT) atingiram a máxima recorde na última semana após a rede americana de academias melhorar suas projeções. O número de frequentadores dos espaços da Planet Fitness está praticamente no pico do período pré-pandemia, afirmou o CEO Chris Rondeau à CNBC. Ele disse o seguinte:
“Nossa máxima foi de 15,5 [milhões de membros]. Já recapturamos 97% dos nossos clientes antes da Covid”.
Além das academias tradicionais, a Peloton enfrenta o aumento da concorrência de empresas fitness de capital fechado, como Tonal, Hydrow e Mirror. Simeon Siegel, analista da BMO Capital Markets, disse em nota emitida na semana passada que a história de crescimento da Peloton no auge da pandemia foi marcante, mas não significava que essa tendência não teria limites.A nota disse ainda:
“O fitness conectado está se tornando um setor e deixando de ser a história de apenas uma empresa”.
Em vista do atual ambiente desafiador, seria difícil justificar a compra de ações de uma empresa que levará muito mais tempo para se tornar lucrativa em razão das perdas atuais. Essa é a principal razão pela qual a maioria dos analistas cortou sua previsão de preços para a Peloton após o último balanço.
Rohit Kulkarni, analista da MKM Partners, rebaixou a ação para neutra, dizendo que havia se equivocado sobre a capacidade de execução da Partners durante a reabertura e dos obstáculos competitivos.
Conclusão
A Peloton se saiu muito bem durante o período de confinamento por causa da Covid, graças à inovação que trouxe ao mercado fitness. Mas esse crescimento está caindo à medida que o mundo volta à normalidade. Nesse ambiente de demanda incerta, é melhor evitar apostar em uma recuperação imediata da Peloton.