- A reabertura da China, com o abandono da política de Covid zero, fez com que os operadores esperassem uma disparada da demanda petrolífera no país.
- Pequim aumentou as aquisições do petróleo da Rússia, prevendo um aumento da demanda interna.
- As viagens cresceram na China, indicando um retorno para os níveis pré-pandemia.
- No entanto, a atividade industrial ainda enfrenta obstáculos, evitando que a demanda de petróleo alcance o patamar de consumo visto anteriormente.
Desde que a China encerrou sua política de Covid zero, os operadores estão ansiosos para ver quando a demanda petrolífera do país começará a subir. Várias previsões de preço para o produto em 2023 consideravam um grande aumento do consumo por parte do país asiático. A expectativa dos analistas era que houvesse uma alta para cotações de três dígitos, em grande medida com base no consumo chinês.
No entanto, os preços do petróleo continuaram consolidados neste ano, com o barril de WTI negociado entre US$ 72 e US$ 82, e o de Brent, entre US$ 77 e US$ 90, haja vista que tais expectativas ainda não se concretizaram.
No início do ano, afirmei que o mais provável era que a demanda petrolífera da China registrasse um aumento gradual. Agora que a onda de Covid no país atingiu o pico, há sinais de que o consumo de petróleo em breve se recuperará até os níveis pré-2020, mas nem todos os indicadores são tão positivos.
China compra mais petróleo da Rússia
A China sempre foi uma importante compradora de petróleo russo, mas, recentemente, aumentou suas aquisições do produto. De acordo com a Reuters, a China dobrou suas aquisições do barril dos Urais durante a primeira quinzena de fevereiro, em comparação com o mesmo período do mês anterior.
Tudo indica que esse movimento não se deve ao desejo de aumentar os estoques antes de Moscou cortar a produção em março, na medida em que tais aquisições deveriam ter sido encomendadas antes de a Rússia anunciar seus planos de redução de oferta. Dessa forma, o mais provável é que a China esteja prevendo um aumento da demanda interna nos próximos meses, graças a uma retomada da atividade econômica.
Aumentam as viagens internas
É difícil avaliar a atividade econômica na China em janeiro e fevereiro, haja vista que o país não publica dados oficiais para esses meses, em decorrência do Ano-Novo Lunar. Entretanto, os dados de mobilidade nas estradas e no transporte público mostram que está crescendo a atividade econômica nas principais cidades chinesas. Mais pessoas pegaram a estrada nessas regiões na semana passada desde o início de 2023 e também pegaram o metrô com mais frequência desde o período anterior à pandemia.
Houve ainda um aumento nas idas a restaurantes, estabelecimentos de entretenimento e centros comerciais, indicando que a China finalmente está voltando a registrar os padrões de comércio e viagens de antes da crise sanitária. Isso parece indicar um retorno em breve ao nível de consumo de gasolina e diesel pré-Covid.
Atividade industrial ainda enfrenta dificuldades
Dados de consumo na China apontam que as compras de itens mais caros, como carros e imóveis residenciais, não estão se recuperando; ao contrário, continuam em declínio. Com isso, a demanda por materiais industriais, como aço e cimento, permanece deprimida.
A atividade industrial na China deve se recuperar, mas os dados indicam que isso provavelmente levará mais tempo. Os operadores não devem, portanto, esperar que o consumo de petróleo no setor industrial volte aos níveis pré-pandemia tão rapidamente quanto a demanda dos consumidores.
Aviso: A autora atualmente não possui nenhum dos ativos mencionados neste artigo. Publicado originalmente em inglês em 23/02/2023.