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Demanda chinesa é a chave para volatilidade de preço de soja dos EUA

Publicado 01.08.2018, 03:29
Atualizado 02.09.2020, 03:05
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Apenas duas semanas atrás, os preços da soja em Chicago atingiram o menor nível em dez anos devido às sobretaxas chinesas contra as tarifas norte-americanas. Esta semana, a soja superou tudo, desde petróleo até cobre, em sinais de que Pequim e Washington possam retomar as negociações para evitar uma crescente guerra comercial.

Embora a guerra comercial tenha aumentado a especulação de que mais soja brasileira poderia substituir o produto norte-americano na China, o mercado chinês continua sendo o destino número 1 da leguminosa cultivada nos Estados Unidos. Esse vínculo entre a soja dos EUA e a China explica a recente volatilidade dos preços dos futuros do produto na Chicago Board of Trade (CBOT).

Soja dos EUA 300-min Gráfico

Os futuros de soja da CBOT subiram mais de 3% na semana após a Bloomberg informar na terça-feira que os representantes do secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, e do vice-primeiro-ministro chinês, Liu He, estavam tentando retomar as negociações depois de meses de impasse. Apenas em meados de julho, os preços da soja de Chicago caíram 25% em relação às altas do ano, devido à preocupação de que as relações entre as duas nações estivessem piorando.

Exportações de soja dos EUA continuam fortes

Igualmente importante para a recuperação desta semana foram os dados divulgados nesta terça-feira pelo Departamento de Agricultura dos EUA (USDA, na sigla em inglês) mostrando que compradores chineses compraram 2,4 milhões de sacas de soja na semana passada, quase metade de todas as vendas externas.

As cargas norte-americanas de soja para embarque global atingiram 27,2 milhões de sacas na semana passada, contra as 26,8 milhões de sacas da semana anterior e contra as estimativas de comércio de 26,5 milhões de sacas.

A China comprou cerca de US$ 12,4 bilhões em soja dos EUA, ou um terço do valor total US$ 34 bilhões que o país gasta por ano com essa commodity. A soja é a segunda exportação mais valiosa dos EUA para a China, depois de uma variedade de aeronaves.

Logicamente, o tom de alta definido pelos dados sobre as importações chinesas deveria ter sido atenuado pelas condições das safras de soja neste ano, com pesquisas do USDA mostrando 70% das plantações em boas e excelentes condições. O ritmo de florescimento em 86% e o ajuste de vagens em 60% são moderadamente melhores do que os números do ano passado e as médias de cinco anos.

Além disso, um impasse prolongado entre os EUA e a China poderia resultar em uma enxurrada de exportações competitivas de soja brasileira para a China, enfraquecendo ainda mais os preços da CBOT. A administração Trump já promulgou uma tarifa de 25% sobre cerca de US$ 34 bilhões em produtos chineses e está planejando um tratamento similar para uma gama adicional de produtos no valor de US$ 200 bilhões. Os chineses responderam com sua própria tarifa de 25% sobre os produtos norte-americanos, o que incluo a soja.

Competição Brasileira Exagerada

No entanto, observadores de longa data da agricultura dos EUA dizem que o impacto da competição brasileira nos preços da soja nos EUA tem sido exagerado, apesar da soja a ser carregada em agosto no porto de Paranaguá ter um ágio de mais de US$ 2,20 por saca em relação aos futuros do CBOT há três semanas, a maior diferença em quatro anos.

"Além da temporada de outono, a produção brasileira de soja provavelmente sofrerá com a seca, tornando a China dependente novamente do suprimento dos EUA", disse Shawn Hackett, comentarista de grãos da Hackett Financial Advisors em Boynton Beach, Flórida. "Faz sentido tanto para os EUA quanto para a China fazer um acordo do que continuar com suas hostilidades".

O relatório mensal do USDA para julho estimou que os agricultores norte-americanos perderiam cerca de US$ 325 milhões em vendas de novas safras se o declínio dos preços de soja deste ano não for interrompido com um acordo comercial - ressaltando a importância da China para o mercado norte-americano.

Vantagens mais imediatas do que desvantagens

Mas com a máxima atual de 6 semanas de US$ 9,1150 por saca de soja na CBOT ainda sendo 16% menor do que os picos de abril, parece haver uma vantagem mais imediata no mercado do que desvantagem.

Os fundamentos técnicos diários da Investing.com indicam "forte compra" para os futuros de soja dos EUA. Os padrões de Fibonacci indicam resistência a partir de US$ 8,8464, em seguida, continuação para US$ 8,7686 e, eventualmente, para US$ 8,6425. O pivô foi visto em US$ 8,9725.

A soja CBOT também estava preparada para uma recuperação de cobertura curta que poderia elevar os preços, disse a ADM Investor Services também na previsão de mercado de terça-feira.

"Os fundos especulativos ainda estão com uma posição curta saudável acima de 61.000 contratos e a previsão pode dar motivos para sair", disse a ADM. "Com o final do mês de hoje, esses operadores provavelmente estarão mais interessados em liquidar do que marcar o fechamento do final do mês."

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