Dia de reunião do Copom e já parece meio “precificado” pelo mercado a redução da taxa de juros a 6,25%. E isso acontece num cenário totalmente instável, com o dólar ameaçando passar dos R$ 3,70, numa valorização em torno de 11% no ano e de 17,5% em 12 meses.
Ilan Goldfajn, presidente do BACEN, já havia anunciado esta redução pelo fato da economia estar desaquecida e a inflação controlada. Disse, recentemente, que “é preciso corrigir as expectativas” e garantiu que essa pressão do dólar era global e não impediria um novo corte da taxa. Aqui cabe uma observação. Os índices exibem trajetórias distintas. Os IGPs seguem pressionados no atacado, pela alta dos bens intermediários “dolarizados”, e os IPCs seguem em baixa em função da demanda mais fraca. O IPCA, por exemplo, acumula em 12 meses 2,7% e ainda não absorve esta alta do dólar. Aqui o debate é que se este dólar se mantiver por tempo prolongado, este pass-through acabará inevitável.
No mercado, um bom ajuste da curva do DI acabou ocorrendo nesta semana, confirmando esta crença de corte da taxa Selic.
Mas e depois? E se o dólar seguir pressionado? Não achamos que estejamos prestes a sofrer uma crise cambial, pois o déficit em conta corrente vem revertendo nos últimos meses e o nível de reservas cambiais é bem confortável, em torno de US$ 382 bilhões.