Ainda não há consenso no mercado sobre a polêmica alteração da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) em uma norma para os fundos de ações ativos.
A CVM autorizou, na semana passada, que os Fundos de Investimentos ocultem no site da autarquia as ações que compraram e em qual quantidade por até seis meses.
Segundo a CVM, a Resolução CVM 172 entra em vigor a partir de 1º de dezembro deste ano.
A demanda dos gestores
A nova regra, concedida em caráter temporário e experimental, reviveu um antigo debate entre dois grupos: um deles que defende o capital intelectual e as estratégias dos gestores; e outro a maior transparência para os investidores.
Entenda toda a polêmica
Tradicionalmente, os gestores eram liberados a esconder suas carteiras pelo prazo de 90 dias, o que era padrão na indústria.
A argumentação para esse tipo de prazo era de que eles poderiam estar montando posições (ou se desfazendo delas), o que poderia ser prejudicado caso as carteiras fossem abertas o tempo todo.
A questão é que, mesmo assim, por meio de alguns algoritmos, era possível descobrir (ainda que de forma aproximada) as carteiras dos gestores se baseando em duas coisas: carteira antiga e as altas e quedas da bolsa.
O problema é que isso incomodava principalmente os gestores de ações — a nosso ver, com certa razão.
A reclamação é que suas carteiras estavam sendo copiadas por outros players do mercado. Conforme eles, todo o tempo, investimentos em equipe e em sistemas que eram utilizados para chegar naquela carteira estavam sendo entregues “de graça” a quem quisesse.
Os investimentos eram replicados.
Essa questão ficou ainda mais evidente quando foi feito o lançamento do ETF GURU11, fundo negociado em bolsa que buscava replicar a carteira de ações de gestores famosos, como Dynamo, Atmos entre outros.
Com tudo isso em mente, a CVM concluiu que as carteiras poderiam ser escondidas por seis meses. Até então, esse período era de até três meses (90 dias).
O que muda na prática?
Na prática, para o investidor final muda muito pouco.
Ainda que eu sempre prefira mais transparência, a gente nunca investe em gestores baseados nas carteiras atuais deles, até porque os portfólios sempre mudam. O que muda muito menos é o processo de investimento, a forma de investir, como ele escolhe suas ações, a estratégia, o time. São atributos assim que você deve prestar atenção na hora de escolher seu fundo.
Na sua opinião: essa replicação de carteira é uma quebra de direito de propriedade intelectual ou faz parte da competição?