A palavra “NFT” vem sendo amplamente utilizada nas mídias sociais com uma certa polarização de ideias. Fato é que a maioria das pessoas não consegue entender a verdadeira utilidade que esta nova tecnologia traz. E, por isso, decidi falar sobre este assunto neste artigo.
A sigla NFT significa: non-fungible token. Em tradução literal seria: tokens não fungíveis. Mas, primeiramente, para entender a fundo a terminologia, é fundamental definir anteriormente o que são bens fungíveis e não fungíveis.
Bom, bens fungíveis são aqueles bens que podem ser substituídos pelos de mesma espécie, qualidade e quantidade, como, por exemplo: dinheiro, metais preciosos, cereais (café, milho, soja, etc.), dentre outros. São, portanto, coisas equivalentes.
Suponhamos que Bárbara pegou um empréstimo de R$200,00 com Eliane. Nesse sentido, Bárbara não precisa devolver, necessariamente, os mesmos R$200,00. Quero dizer as mesmas cédulas, com o mesmo número de marcação. Pode, na verdade, ser qualquer outra cédula, ou cédulas, que somem a quantidade dos R$200,00, sendo de mesma espécie (reais), quantidade (200) e qualidade (dinheiro).
De outro lado outro, existem os bens que são não fungíveis (infungíveis), sendo os que não têm o atributo de serem substituídos por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade. Isso ocorre porque são encarados conforme as suas qualidades individuais, únicas, como o quadro de um pintor célebre, uma escultura famosa, etc.
Mas por que, afinal, famosos e pessoas influentes estão pagando uma fortuna por alguns desses NFTs?
NFTs são ativos digitais que possuem a mesma tecnologia blockchain das criptomoedas, como a Ethereum ou Bitcoin, por exemplo. Mas com uma enorme diferença! Eles são únicos e garantem ao seu possuidor a propriedade (originalidade) desses ativos, como uma assinatura em uma pintura.
O direito de propriedade em NFTs é tema bastante controverso. De certa forma, é difícil de compreender que vídeos, memes e gifs estejam sendo vendidos por seis, sete até oito dígitos. Isso fica ainda mais confuso quando questionamos: já que os NFTs são garantias de propriedades de imagens artísticas, quais os direitos que têm seus possuidores?
Bom, se você compra um NFT de uma peça de arte, por exemplo, você tem a propriedade exclusiva e pode fazer o que bem entender com ela, certo?
Não exatamente.
O “Nyan Cat” é um meme muito utilizado nas mídias sociais e consiste em um gato voador, em pixel art, no formato de uma torradeira com um rastro de arco-íris. Seu criador resolveu transformar seu desenho em um NFT, leiloado por US $600,000 (seiscentos mil dólares). Os direitos sobre propriedade intelectual e criativa, da obra, permanecem sendo do artista que o criou. Entretanto, o comprador deste NFT, é apenas isso, o dono da imagem NFT.
Ele possui um registro (um hash - código) demonstrando que ele tem a propriedade daquele ativo-objeto em questão. As pessoas podem fazer o download da imagem o tanto quanto quiserem. Está no Google (NASDAQ:GOOGL) (SA:GOGL34), inclusive. Mas não serão os proprietários do token original. Significa, logicamente, que não podem vender o token como o proprietário pode fazê-lo.
Uma grande vantagem que os NFTs possuem com relação ao mercado de arte tradicional é que uma réplica bem feita pode se passar facilmente como a original. Mas, no universo dos NFTs, a arte original possui o seu hash, uma codificação única para aquele ativo-objeto, que, inclusive, é passível de rastreio, tornando o trabalho dos falsificadores, praticamente impossível.