Muito bom dia a todos!
PHASE 1 OR FAIL 1
Sexta-feira dia 11/10 tivemos finalmente o anúncio de um pacto entre EUA e China. Após sentarem e conversarem os dois decidiram colocar de lado suas diferenças e assinarem um acordo, ops. Pera aí, ees não assinaram nada?! Pois é! Apesar de boa a notícia de que novas tarifas não serão colocadas nos produtos chineses, ou de que a China se comprometeu a comprar produtos agrícolas americanos, esse acordo que foi chamado de “Phase 1”, nasce trazendo muitas dúvidas. Não vou me deter aqui nos detalhes do que cada 1 se comprometeu a fazer no escopo desse pacto, mas a ideia é fazer uma análise mais criteriosa do resultado prático deste. Dá para citar 2 pontos atenção:
- Faltou um tratado oficial, assinado por ambas as partes. Isso da margem para o mercado questionar a credibilidade e sustentabilidade do acordo, afinal desde a época do Obama vimos acordos serem rompidos.
- Supostamente haverá uma formalização desse acordo “Phase 1” a ser assinado pelos presidentes Donald Trump e Xi Jinping. Infelizmente ainda não há uma data definida para que isso aconteça e até lá é possível que sigamos vendo o mercado especular de diversas maneiras.
A reação do mercado no intraday de sexta me parece emblemática. Próximo ao fechamento, quando tivemos as notícias acerca do acordo, vimos o S&P recuar, ainda que fechando com uma boa alta, mas, a meu ver, uma clara indicação de que não foi tão bacana assim.
E os futuros americanos apontam para uma queda nessa segunda-feira.
Apesar das dúvidas as commodities reagiram bem na sexta e, como consequência, os mercados emergentes agradeceram, subindo com forte volume. As bolsas chinesas fecharam em alta na segunda.
Apesar dos pesares, tento ser pragmático. Até semana passada não havia nenhum potencial acordo na mesa. Era tarifa de um lado, desvalorização da moeda de outro, uma retórica agressiva de ambos os lados. Agora o que temos? Um potencial acordo. Uma sinalização de concordância, uma promessa de cooperação de ambas as partes. Então entendo que a leitura geral é positiva sim. Houve uma melhora que, a meu ver, pode sim seguir ajudando os mercados.
#OREMOS
ESTICA A CORDA
A pergunta maior segue sendo: até onde a economia americana vai nesse ciclo de expansão? O acordo Phase 1 tem potencial para ajudar os mercados no curto prazo, mas muitos ainda acreditam numa recessão. Cada dia surge um novo gráfico que comprara as altas da bolsa, ou a forte expansão com um ou outro dado que mostre algum enfraquecimento na margem. Abaixo o a confiança do consumidor medida pelo Conference Board. Apesar da desaceleração do crescimento, ela ainda se encontra positiva (área verde). As recessões (area hachurada em azul), historicamente começam após alguns meses de dados de confiança em baixa. Se esse indicador consegue nos dizer algo, está nos dizendo que não haverá recessão pelos próximos meses ao menos. Teríamos que ter uma deterioração muito forte para que isso aconteça.
Outro fator interessante é o político. O gráfico abaixo nos mostra que tradicionalmente o quarto ano de mandato tende a ser o mais forte em termos de crescimento econômico. Penso que dificilmente isso acontecerá dessa vez, dado que o crescimento americano nos últimos anos foi bem forte. Ainda assim, para os que apostam em recessão, vale lembrar que ano que vem entramos no quarto ano de mandato…será que a história se repetirá?
Sobre acertar a crise, sigo achando a discussão inócua…me parece perda de tempo! Essa é uma pergunta muito difícil de ser respondida. Lembro que em 2013 já havia que “profetizasse” uma grave crise nos EUA…depois o coro ganhou força no início de 2016 quando houve forte queda dos preços de commodities e do mercado como um todo. Novamente em 2017, 18 e agora 19.
Sigo reforçando a ideia de que se houver uma crise nos EUA o melhor lugar para você ter seu dinheiro é lá! Tal qual comento nesse post: Crise nos EUA?
Fora isso reforço as palavras do mestre Peter Lynch que nos ensina que mais dinheiro foi perdido tentando prever crises do que nas crises!
E PARA O BRASIL
Assim como os demais mercados emergentes, o acordo entre EUA e China movimentou nossa bolsa na sexta. Como disse acima, a alta das commodities influenciou positivamente, além disso, nunca é demais lembrar que China e EUA respondem por nada mais nada menos que 39% das nossas exportações (gráfico abaixo), então o crescimento de ambos nos é muito importante!
Então seguimos surfando a onda externa que a meu ver tende sim a ser positiva nos próximos dias.
No câmbio, o dólar parece não querer dar trégua. Também pudera o diferencia de juros no Brasil com o mundo nunca foi tão baixo! Já comentei isso aqui. Essa é uma das principais justificativas para o dólar forte ultimamente.
A meu ver para romper isso só com maior crescimento e atração de capitais de investimento de longo prazo. Para quem sabem vermos os tão sonhados R$ 3,70 no câmbio.
No entanto, seguimos, ainda, de novo, 1000x falando a mesma coisa! Reforma da previdência! O Plenário do Senado pode finalizar nessa semana a análise do texto principal da reforma da Previdência e terá as duas últimas sessões de discussão do texto final na terça-feira (15) e quarta-feira (16). Se cumprido o calendário, a PEC estará pronta para a votação em segundo turno na própria quarta (fonte: Link para matéria)
Parece bobera, mas esse ainda é um tema importante para validar todas as mudanças que se imagina que podemos fazer! Nunca é demais lembrar o tamanho do descompasso das nossas contas sem reforma – gráfico do IIF:
E como acreditar que vamos privatizar, fazer essa ou aquela mudança se não conseguimos nem aprovar uma reforma que nos tira da vala e garante nossa simples sobrevivência? É por isso que a Reforma da previdência segue sendo emblemática!
Passando ela, temos várias outras para frente com o objetivo de melhorar esse que é um indicador sofrível: o da competitividade internacional. Abaixo só os países emergentes. Olha que terror!
Mas vai melhorar! Tenho fé! E essas próximas semanas serão decisivas para isso! Esse acordo ajuda a dar sustentação no curto prazo e nos resta agora fazer nosso mínimo dever de casa.
Era isso.
Aquele Abs.