A divulgação dos dados de inflação nos Estados Unidos e Brasil indica cenários opostos: um possível início de queda dos juros no Brasil e um possível encerramento do ciclo de aumento de juros nos Estados Unidos.
Nos Estados Unidos, o índice de inflação ao consumidor (CPI) avançou 0,2% no mês e registrou uma alta de 3% na comparação anual, atingindo o ritmo mais lento em mais de 2 anos. Esses números têm aumentado as expectativas de que o Federal Reserve possa reavaliar o ciclo de aperto monetário em andamento.
Em conjunto com tais dados, o relatório econômico conhecido como "livro bege", divulgado pelo Fed, apontou um avanço na atividade econômica geral nos últimos 50 dias, mostrando sinais de enfraquecimento da inflação, além disso nos últimos dias tivemos a divulgação dos dados do payroll, registrando uma redução no número de contratações no mês de junho, apesar da taxa de desemprego ainda estar baixa.
Para a reunião de julho, com apoio desses dados, a maioria do mercado espera um aumento em 25 p.p. nas taxas de juros na reunião de julho. No entanto,
alguns economistas argumentam que esses indicadores fornecem subsídios para apoiar a ideia de manutenção da taxa de juros já a partir de setembro.
Já no Brasil, o índice de inflação IPCA registrou a primeira deflação de 2023 em junho, com uma queda de 0,08%. No acumulado dos últimos 12 meses, a inflação alcançou 3,16%, dentro da meta estabelecida para o ano. Esses números reforçam a tendência de queda na inflação ao longo de 2023.
Para a reunião de agosto, é quase consenso entre os investidores que o Banco Central iniciará o ciclo de redução da taxa de juros. No entanto, ainda não há uma definição quanto à intensidade desse movimento. A maioria dos analistas acredita em um corte de 25 p.p., adotando uma postura mais conservadora, entretanto não é uma decisão unânime. Após a divulgação do IPCA de junho e considerando que teremos a divulgação do IPCA de julho antes da próxima reunião, o qual poderá apresentar uma nova deflação, uma parte dos analistas acreditam que abriu-se espaço para que o Banco Central adote uma postura mais agressiva, reduzindo as taxas em 50 p.p. já nessa reunião.
Essas análises dos dados de inflação nos EUA e Brasil destacam a importância da interpretação correta das tendências econômicas e indicadores para a tomada de decisões nas políticas monetárias. Os mercados estão atentos a esses sinais, pois podem influenciar as expectativas dos investidores e afetar os rumos das taxas de juros nos dois países.