Os dados da indústria manufatureira da Europa voltaram a pesar sobre os ânimos de grandes agentes: as economias da Alemanha e França, as duas mais importantes do bloco do Euro, continuam se contraindo; a desaceleração já começa a ter efeitos também no setor de serviços. Os dados vêm em paralelo ao anúncio, por parte do Banco Central Europeu, de que iria reduzir parte das taxas básicas de juros (em depósitos bancários) e que retomaria o programa de reaquisição de títulos públicos, ações que visam injetar ânimo numa economia estagnada.
Esse e outros fatores imputaram carga negativa na cotação do Euro/Dólar, que no momento está sendo negociado abaixo do importante suporte de US$1.10. Às 10h45, serão divulgados os dados do PMI (purchasing manager index, um indicador de atividade industrial) dos Estados Unidos, que tem potencial de chacoalhar o mercado financeiro global na medida em que, até o momento, trata-se da única economia que tem mostrado resiliência às tensões comerciais globais – em grande parte, iniciadas pelo próprio país, que tomou a inciativa no início da guerra comercial com a China. Além disso, ganham importância frente a um Fed (Federal Reserve, Banco Central dos EUA) que tem enfatizado que qualquer decisão tomada daqui em diante dependerá principalmente dos dados sobre a economia americana.
Caso os valores do PMI (Markit Composite/Services/Manufacturing PMI) venha acima do esperado devem pressionar a cotação do Euro para baixo; caso venham abaixo, podemos esperar uma leve retomada de força do Euro, com enfraquecimento global do dólar. Ao longo do dia, falas de lideranças do Fed e do Banco Central Europeu (10h50, 12h00, respectivamente) devem ganhar foco, conforme grandes agentes buscam pistas sobre os futuros rumos da política monetária. Esse e outros indicadores estão disponíveis gratuitamente, em tempo real, no Investing.com (www.investing.com).
Cenário macroeconômico
Os principais índices de força do dólar (DXY e USDOLLAR) indicam leve alta na força da moeda americana frente a seus principais rivais, em especial frente ao Euro e a Libra Esterlina. Os títulos do tesouro americano negociados nesta manhã oferecem retornos menores, o que indica alta demanda por esse ativo, considerado de altíssima segurança – por sua vez, indicando certa indisposição ao risco. Com os principais índices europeus e americanos (contratos futuros) operando em baixa, temos um cenário que, a princípio, se mostra favorável ao fortalecimento do dólar e outras moedas de baixo risco – com consequente enfraquecimento de moedas emergentes, caso do Real.
Cenário técnico
A cotação do dólar no Brasil, que encerrou a sessão de sexta (23) em R$4.151, um ponto de alto volume de negociação e que pode se consolidar como zona de suporte para o dia de hoje; o próximo ponto de suporte pode ser na região de R$1.150 e R$1.135. Fora isso, o preço deve buscar novamente regiões de alta (acima de R$4.170) caso o Euro e o DXY (índice de força do dólar) continuem sua os movimentos de baixa e alta, respectivamente. Entretanto, sessões recentes mostraram que o mercado brasileiro pode se mostrar indiferente a esse cenário, caso a bolsa receba um fluxo positivo de capital estrangeiro e doméstico.