Em um ano de muita volatilidade como o atual, com as Bolsas de Valores oscilando bastante em todo o mundo, é comum que pessoas mais leigas tenham medo de investir. Ainda mais naqueles momentos em que a movimentação é de queda no valor das ações negociadas. Há quem acredite que em uma linha descendente não seja possível obter ganhos no mercado de ações. Trata-se de um assunto que gera muitas dúvidas. A verdade, porém, é que dá, sim, para ganhar dinheiro em tempos de baixa.
Para o trader, que é aquele profissional preparado para operar no mercado, a volatilidade é importantíssima para ele ganhar. O sobe e desce das ações proporciona a ele comprar na baixa e vender na alta e, assim, lucrar diariamente. Ele também perde de vez em quando, mas sendo especialista no assunto logo se recupera. E, por incrível que possa parecer, os investidores menos experientes também podem ganhar nos momentos de queda como explicarei a seguir.
Antes, porém, é preciso ter em mente que investidor menos experiente não é a mesma coisa que investidor sem conhecimento algum. Para operar na Bolsa de Valores é preciso um conhecimento mínimo, ir atrás de algumas informações para pelo menos entender o que está sendo feito. A questão é que para o investidor comum fica difícil entender como é possível ganhar dinheiro se a ação está desvalorizando.
Uma das alternativas, caso o investidor imagine que o mercado vai passar por uma correção, ou seja, passará por um momento de queda, é vender suas ações. É a primeira coisa a ser feita e isso é consenso, inclusive para o investidor que vive posicionado. Mas e se o investidor em questão não tiver nenhuma ação no momento em que o mercado estiver em queda e ele, mesmo assim, tenha o desejo de ganhar dinheiro? Como fazer?
Existe uma possibilidade que o mercado global, mas o nosso principalmente, que é muito líquido, permite que é o aluguel de ações. É uma operação devidamente autorizada pela B3 (BVMF:B3SA3), a Bolsa brasileira, e seu nome técnico é “empréstimo de ativos”. Funciona da seguinte forma. Vamos supor que o investidor A tem 100 mil ações da Petrobras (BVMF:PETR4). Hipoteticamente, cada ação vale R$ 30, mas a expectativa do mercado é de queda. Apesar dessa expectativa de baixa o investidor A não tem interesse de se desfazer delas.
O investidor B, então, prevendo a queda no valor do papel, faz um contrato com o investidor A para alugar as ações que ele dispõe. O investidor B pode vender as ações pelos mesmos R$ 30 que elas valem. Vamos supor que a expectativa dele se confirme e o ativo cai de R$ 30 para R$ 27. Assim que isso acontecer, o investidor B recompra as ações pelos R$ 27 que elas passaram a valer. Assim, ele ganha R$ 3 por ação que, multiplicando por 100 mil ações, resulta em lucro de R$ 300 mil.
A partir do momento que o Investidor B recompra essas ações, ele entrega de volta para o investidor A, real proprietário dos papéis e paga um aluguel proporcional. Como se trata de uma ação líquida essa locação ficará em torno de 0,1%, 0,2% ou 0,3% ao ano, no máximo, considerando o período utilizado para a operação. É uma forma de ganhar dinheiro, mesmo com a queda das ações. Para o investidor A é bom porque, como ele não quer vender as ações da Petrobras, ele continua com a mesma quantidade de ações e ainda faz algum dinheiro por ter locado.
Tudo isso é feito de forma automática pela B3, que dá as garantias necessárias para que o verdadeiro proprietário das ações não sofra nenhum tipo de prejuízo. Ele vai ter certeza de que essas ações que ele está alugando para qualquer pessoa no mercado serão devolvidas. É um procedimento seguro – no sentido de que tem regras claras - e uma forma diferente de ganhar apostando na queda da ação.
Como se vê, comprar na baixa e vender na alta não é a única forma de ganhar na Bolsa. A operação, de certa forma, é até simples. Obviamente, como já explicado, é preciso ter conhecimento e estar bem-informado para ser bem-sucedido nessa empreitada.