Prever a cotação futura do dólar é tarefa quase impossível. Além de ser um mercado "fake" no qual o Banco Central interfere regularmentente, o câmbio sofre influências da situação política do Brasil e dos Estados Unidos.
Os noticiários dão uma noção do tamanho da incerteza em relação ao futuro político desses dois países. Não dá pra confiar na política de Temer, muito menos, na de Trump.
Empresários e investidores precisam se precaver de oscilações "negativas" no câmbio, de preferência, com estratégias que lhes dêem oportunidades de ganho com a oscilação cambial. Que previna prejuízos e que possibilite ganhos financeiros.
Diversos meios podem ser utilizados. Uma boa assessoria financeira é fundamental para traçar a melhor estratégia, para cada caso, precificando o risco cambial e o fluxo de caixa.
Entre elas, as travas de alta, ou callspread, são uma excelente alternativa. Com elas, aqueles que estão com dívidas, a pagar, em dólares, ou aqueles que já venderam commodities, anteciapadamente, como soja, café e milho, podem se beneficiar de uma alta do câmbio.
Uma alta do câmbio elevaria o montante a pagar da dívida. Por exemplo, um produtor rural que comprou (importou) 1 milhão de dólares em adubo ou defensivos, teria um montante a pagar elevado de R$ 3.400.000,00 para R$3.600.000,00 , se a taxa de câmbio se elevar de 3,4 para 3,6. Um aumento considerável para o fluxo de caixa de um agricultor, ocasionado por uma pequena variação do câmbio. Uma queda na mesma proporção, de 3,40 para 3,20, reduziria o montante da dívida para R$3.200.000,00. Um excelente benefício.
A mesma lógica vale para industriais, importadores de máquinas e matéria-prima. Na prática compra-se um seguro contra alta do dólar.
Já um exportador de café, uma trading de milho, ou plantador de soja, que venderam seus produtos, antecipadamente, não correm o risco de terem suas receitas sendo reduzidas pela queda do dólar, mas também, por ora, sem as "travas" não se beneficiariam de uma alta do mesmo.
As travas de alta, operações no mercado de opções, realizadas na Bolsa de Mercadorias e Futuros, via corretoras, podem beneficiar esses investidores. Uma trava no intervalo de 3,4 /3,6 pode gerar o lucro, na Bolsa, suficiente para compensar a perda do importador no pagamento da dívida, tal como pode gerar o lucro para o exportador, mesmo que esteja com contratos de venda antecipada. O importador fica protegido da alta do dólar, já que sua dívida não se eleva nos R$ 200.000,00 exemplificados, mas pode se reduzir com a queda do dólar, nos mesmos R$ 200.000,00.
Assim, uma queda do dólar reduziria o montante da dívida do importador que ficaria protegido da alta. E o exportador ficaria protegido da queda, e beneficiado pela alta.
Um profissional em finanças deve ser consultado para traçar as melhores estratégias e os respectivos valores.
Maurillo Marcondes Lários Naves é engenheiro agrônomo, produtor rural e assessor financeiro. Especialista em commodities e câmbio.
maurillomarca@gmail.com