Os movimentos oscilatórios do preço da moeda americana no nosso mercado de câmbio evidenciam movimentos que sugerem a presença de movimentos especulativos.
A proximidade do final do mês sugere disputas no mercado futuro de dólares como habitual, mas o que se presencia é um forte esforço indutor à apreciação do real com foco em motivo especifico, parecendo mesmo orquestrado pelos próprios interessados, que podem ser até mesmo os bancos.
São mutações abruptas que enganosamente sugerem sinergia com o comportamento do dólar no mercado externo, mas que a rigor registram percentuais maiores, quando é evidente que ao comportamento da moeda americana no mercado internacional, temos localmente no Brasil inúmeros fatores indutores de movimento contrário que se contrapõe à tendência externa, pois além das incertezas prospectivas quanto aos resultados das medidas corretivas do governo na economia brasileira, há especificamente no contexto vetores relevantes impactantes no câmbio em si, tais como o elevado montante do déficit em transações correntes de US$ 101,0 Bi e projeção do BC para fechar em US$ 84,0 Bi; expressivo estoque de contratos de swaps cambiais no mercado futuro em montante acima de US$ 110,0 Bi, prova cabal de que a moeda nacional ainda precisa de ancoragem para não ser sofrer forte depreciação e perspectivas bastante ruins no que diz especialmente a balança comercial e IED´s.
Ademais, o dólar com seu preço ajustado é um dos objetivos do governo com a finalidade de estimular a retomada da atividade industrial, abrindo perspectivas exportadoras e contendo as importações de produtos concorrentes aos produtos nacionais.
É preciso ficar atento, pois o desemprego subiu a 6,2% em março, maior nível em 3 anos, e o CAGED já deixou evidente que a geração de novas vagas está cada vez mais difícil.
O antídoto a este movimento especulativo que se presencia é a calibragem adequada da rolagem dos contratos vincendos de swaps cambiais, que precisa estar adequada à demanda presente e devidamente monitorada pelo Banco Central do Brasil, e neste momento parece que há excesso na oferta para rolagem, que deveria imediatamente ser reduzida.
Não agindo prontamente, o Banco Central do Brasil passa a consentir a apreciação do real.
A volatilidade não se presta a nada na economia nacional e é um determinante da apreciação forte do real no momento e deveria merecer ação imediata do Banco Central do Brasil, afora determinar efeitos contrários aos interesses do Brasil objetivados com o dólar em patamar ajustado.
Neste momento, o reequilíbrio do preço da moeda americana é fator mais importante do que a própria elevação prevista pelo mercado da taxa de juro SELIC, por isso acreditamos que o Banco Central do Brasil alterará o montante de oferta de rolagem de swaps cambiais no mês de maio próximo forçando assim a correção provocada pela especulação. Idealmente já deveria tê-lo feito neste final de mês.
O cambio com taxa distorcida reduz bruscamente a atratividade do capital especulativo pelo país, visto que se acentua o risco de variação cambial que poderá anular os ganhos objetivados e a continuidade deste cenário pode determinar que os investidores desloquem os seus recursos para outros mercados emergentes.
O Brasil está altamente dependente de financiamento externo para cobrir o seu déficit em transações correntes e assim sendo não pode se dar ao luxo de perder montantes relevantes destes capitais.
A reunião do FED não deve provocar especulações em torno da alta de juro, pois os últimos dias revelaram indicadores que não sancionam elevação, que mais uma vez deverá ser protelada, agora para setembro, beneficiando a própria economia americana que assim mantém a sua competitividade no comércio exterior, já que o deslocamento de recursos para o dólar não será intensificado e não haverá pressão de alta sobre a moeda americana.
Como estamos a 2 dias do final do mês não se aguarda mudança de atitude do BC, mas tudo leva a crer que no primeiro dia de maio deveremos ter mudanças nos volumes de rodada.