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Câmbio: Tombini Reafirma Mudanças na Política Cambial

Publicado 08.12.2014, 09:59

Ainda há quem procure identificar neste ou naquele movimento externo as razões para a depreciação do real, relegando à segundo plano a grave situação da economia brasileira como fator motivador preponderante da efetiva, ainda não percebida por uma grande parte, mudança em andamento na logística da política cambial do Brasil.

Há até uma grande parte que reluta em não entender as falas do Presidente do BC, Alexandre Tombini, para promover movimentos que passam a ser atribuídos a dúvidas.

Dias atrás Tombini sinalizou que o programa de oferta de “swaps cambiais” não será expandido em 2014, tão somente rolado se e quanto necessário nos seus vencimentos, com previsão de desmonte no médio prazo, certamente na expectativa de que o país recupere credibilidade e consequentemente fluxos de recursos externos que permitam a redução gradual do programa sem impactar fortemente na formação do preço da taxa cambial. Então, grande parte do mercado alegou incerteza sobre o que foi dito e passou a questionar se vai continuar a oferta diária adicional dos 4.000 contratos. Ora, se não será expandido o estoque ao final do ano, manter a oferta diária está absolutamente fora do contexto.

É evidente, como destacamos que a autoridade monetária não se privará se houver a necessidade de intervenções pontuais não programadas, pois este é o seu papel e responsabilidade. Isto é o bom senso que dita e não precisa Tombini falar a respeito.

Desta feita, participando de uma conferência em Santiago do Chile com abordagens sobre a América Latina, promovida pelo FMI e pelo Ministério da Fazenda do Chile, Tombini destacou e enfatizou pontos relevantes que deixam evidente a mudança que ocorre na política cambial brasileira e que já está em curso.

Tombini afirmou:
“Câmbio flexível é a primeira linha de defesa do Brasil”,
e mais, “a política monetária e a política fiscal são importantes para ajudar a tornar as mudanças na taxa real de câmbio mais permanentes

Certamente esta já é uma nova visão considerando o contexto em perspectiva para o novo mandato do governo Dilma, com nova gestão no Ministério da Fazenda e com foco numa política fiscal absolutamente responsável.


Evidentemente que com a presença de Mantega à frente do Ministério da Fazenda seria praticamente impossível desenvolver esta dinâmica em que combinadas política monetária e a política fiscal se tornará possível mudança na política cambial. Mantega destacou-se pelo expansionista exacerbado conflitante com os esforços do BC em conter as pressões inflacionárias, pela criação da contabilidade criativa, uma agressão a inteligência dos brasileiros, e por previsões absolutamente inatingíveis a respeito da economia brasileira.

Naturalmente Tombini fez a declaração do desejável e não da realidade ocorrida quando afirmou que como a situação para o Brasil mudou o Brasil desfez a maior parte das medidas que haviam sido adotadas....”. No câmbio houve retardamentos na reversão das medidas de contingência de ingressos de recursos externos e quando o país atentou para isto já não despertava atratividade aos investidores, o que determinou o programa de oferta de swaps cambiais para “comprar credibilidade” para a moeda nacional caso contrário sofreria retumbante desvalorização. Ainda assim, a moeda americana foi mantida fortemente depreciada à serviço do controle da inflação.

No câmbio, os ajustes vieram forçados pela perda de eficiência dos swaps cambiais em promover a contração do preço da moeda americana, agora tão somente evita uma expansão mais grave das cotações, e agora para o novo mandato, após constatado o grave quadro da desindustrialização que levou a indústria a retroceder 3% perdendo atividade e dando inicio ao desemprego.

No segundo mandato da Presidenta Dilma o câmbio tende a ser o fator propulsor da retomada da atividade econômica, a partir da indústria que terá aumentada a sua competitividade interna frente aos produtos importados e externa com melhores preços. Ao mesmo tempo, atenuará os reflexos das quedas de preços internacionais das commodities agrícolas e metálicas, como reação lógica de moedas de países produtores de commodities.

Mas isto somente será possível face à perspectiva de política monetária e fiscal com gestão de rigor, que assim com a taxa de juro deverão cumprir o objetivo de conter as pressões inflacionárias, enquanto o dólar com preço ajustado à sua realidade no país cumprirá o papel de estimular o setor produtivo nacional, com ênfase inicial ao setor industrial.

O Brasil precisa se preparar para o pior cenário no setor externo em 2015, a despeito de muitos acreditarem que as operações de “carry trade” atrairão recursos para o país face à taxa de juro elevada, é preciso estar atento para o fato de que a economia americana continua evidenciando números fortes que poderão determinar a mudança no juro americano no curtíssimo prazo e este será um fator a mais a retirar recursos dos países emergentes.

O empenho e sinalização de rigor na política fiscal serão imperativos para mitigar o risco de perda do grau de investimento, que seria altamente danoso ao país.

Acreditamos que os IED´s serão cadentes em 2015, a atratividade é baixa pelo Brasil que revela tendência de fechamento com crescimento próximo de zero e não oferece perspectiva motivadora para o desempenho em 2015.

Tudo fortalece a que o preço do dólar feche o ano no entorno de R$ 2,60, podendo evoluir um pouco mais logo no 1º trimestre de 2015, isto sem benesses, mas como compatibilização à realidade, e poderá motivar a indústria à retomada da atividade.


O Boletim FOCUS divulgado hoje com data de 5 de dezembro último, reduz a projeção para o IPCA de 6,43% para 6,38%, o que está dentro da realidade pelos métodos utilizados. O próprio IBGE já destacou que dezembro precisaria ter inflação de 0,86% para que ocorresse o estouro do piso alto da meta.

A projeção para o dólar é de R$ 2,55, mas acreditamos que possa chegar a R$ 2,60. O PIB tem nova revisão para baixo de 0,19% para 0,18% e a produção industrial teve aumentada a projeção de retração de 2,26% para 2,50%, tendo revelado retrocesso efetivo de 3,0% até outubro. O déficit em transações correntes foi elevado de US$ 83,0 Bi para US$ 84,23 Bi, porém acreditamos que poderá ultrapassar os US$ 85,0 Bi.

Deixamos de considerar os dados apontados para 2015 por entendermos que a dinâmica de gestão do segundo mandato da Presidenta Dilma tem proposta diferente, o que invalida a busca de projeções criveis antes de conhecer o todo do formato do novo programa.

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