O “otimismo” predominante com a perspectiva de saída da Presidenta Dilma pode provocar impacto nem tanto nesta linha, carreando para o negativo algumas projeções exacerbadas formuladas pelo mercado financeiro, em especial.
A ebulição política tem tornado menor a visão a respeito da impressionante crise econômica que assola o país, cuja configuração de deterioração torna inimaginável recuperação no curto/médio prazos. Há um robusto problema fiscal presente que desgasta cada vez mais o conceito externo a respeito do país e para o qual não há receituário de reversibilidade que não seja no médio prazo com a força de duras medidas aplicadas à atividade econômica, que, a rigor, deixam a sensação de que devemos piorar para, então, melhorarmos.
E nesta trajetória haverá incremento do desemprego, da perda de renda, piora das expectativas por parte do consumidor que já se revela no ICC da FGV de abril com queda de 2,7 pontos e recuando-o a 64,4 pontos.
Não será uma questão de novos e estrelados nomes, mas de algo que precisará ser digerido pela economia brasileira e de forma inevitável.
Este “otimismo” acaba trafegando pelo irrealismo ao depreciar o preço da moeda americana no nosso mercado, dando a entender que a formação do mesmo está insensível à realidade da nossa economia.
Há perigos neste comportamento, porque nomes novos não atrairão de imediato volume dantesco de investimentos até que se reconquiste confiança e credibilidade externa, e esta só deverá advir após um período que não será curto.
Devemos, antes, ter o incremento de saídas financeiras, atualmente em torno de US$ 16,0 Bi, mas há muitos empréstimos externos vincendos e que não deverão ser rolados pela baixa demanda interna e custos externos, além da seletividade.
A nossa BOVESPA também está relutante e pode até ter um “sell off” a qualquer momento, já que a economia não fundamenta determinados preços.
As exportações tendem a um viés de queda com o preço da moeda americana neste patamar atual, que desestimula a indústria ao revelar-se baixa e acarretar insegurança na formação do preço. Mas por outro lado, pode motivar a retomada das importações agora favorecidas que substituiria o produto nacional no mercado interno, repercutindo no saldo de balança comercial, cuja projeção de saldo de US$ 48,0 Bi ao final do ano nos parece elevada.
Reflexo direto pode ocorrer sobre o resultado do déficit em transações correntes que pode vir a se acentuar.
É sensato que se imagine o IPCA cadente com o “status quo” da economia, a queda do consumo decorrente do desemprego, e a diminuição qualitativa da demanda passando predominantemente para o essencial.
É uma contingência não consequente da taxa de juro SELIC, mas da própria situação do país.
É impossível se imaginar retomada da atividade econômica com o preço do dólar desbalizado com a realidade, que indica que na atual conjuntura deveria estar com o preço ao entorno de R$ 4,00 no mínimo.
O BC vem dando suporte à liquidez do mercado a vista de câmbio onde os bancos já acumulam posições vendidas de US$ 30,0 Bi. Isto é falta de auto liquidez do mercado.
Já não há demanda acentuada por hedge com contratos de swaps cambiais, mas o mercado sairia um pouco mais de suas posições atuais se o BC ofertasse mais swaps cambiais reversos.
Há um sentimento de que o BC interveio mal no mercado de câmbio em algumas oportunidades e que seja o responsável pelo preço da moeda americana tão baixo, precisando agora com os swaps cambiais reversos dar-lhe o atalho de saída e elevar a taxa cambial.
O fluxo cambial está negativo, os bancos operam com posições vendidas e ainda há excesso de contratos de swaps cambiais no mercado.
Não há razão alguma para que a taxa cambial se situe entre R$ 3,50/R$ 3,60, porque pode provocar impactos negativos na economia que já vem combalida por desanimá-la ao estimular o produto importado, além de neutralizar as perspectivas para um saldo melhor na balança comercial e estimular a saída de recursos do país na medida em que permite que sejam adquiridos mais dólares.
É preciso coibir erros de gestão no câmbio para que não acabe por acarretar efeitos negativos na atividade econômica.